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Até onde irá a tecnologia?


postado em 24/11/2019 04:00

Alexandre Nagazawa
Arquiteto urbanista, sócio diretor da BLOC Arquitetura
 
A velocidade da evolução tecnológica que vivemos hoje é espantosa. A impressão é que esse crescimento exponencial não terá fim, dada a diversidade de aplicações e as crescentes demandas que surgem a cada momento.
Do uso militar à mobilidade, os softwares, sistemas e aplicativos vêm melhorando a performance do que podemos chamar de hardwares tradicionais, vide o caso de – hoje grandes – empresas como Uber, Airbnb, Trivago e Yellow. Hoje, os carros são compartilhados e utilizados de uma forma totalmente diferente de 10 anos atrás; apartamentos e casas concorrem com hotéis por hóspedes; a antiga loja de bicicletas não vende tantas bicicletas como antigamente porque em praticamente toda esquina você encontra uma compartilhável.
Não enxergamos claramente o que vem primeiro. É a mudança dos hábitos que direciona as tecnologias ou são as novas tecnologias que mudam os nossos hábitos? Há cinco anos, por  exemplo, eu não me imaginava viver sem carro. Há três, vivo muito feliz sem esse "estorvo" na minha vida. Essa mudança de hábito e cultura, já que fui doutrinado desde pequeno a ter um belo carro, só foi possível graças às evoluções tecnológicas.
Estamos vivendo uma transformação da sociedade de consumo, no que tange à obtenção de bens, transformação esta que permeia todas as camadas da sociedade e todos os segmentos da economia. A relação "ter x usar" nunca foi tão pensada e aplicada. O uso e a qualidade da experiência do usuário hoje têm mais apelo do que o simples fato dele possuir algo.
 
Essa transformação não é diferente no mercado imobiliário, um segmento até então ultraconservador e, diga-se de passagem, de baixíssima evolução tecnológica no Brasil. Hoje, um grande incorporador ou construtor é uma espécie de vendedor/fabricante de hardwares antiquados, robustos e quase sempre incapazes de se adequar às velozes evoluções que estamos vivendo.
 
As mudanças de hábitos, norteados ou não pelas tecnologias, começam a transformar a forma de concebermos os edifícios e a cidade. Como sou arquiteto e respondo pela concepção, viabilidade e projeto de vários empreendimentos pela cidade, vejo constantemente a necessidade de transformação do segmento que impacta totalmente a criação de um produto imobiliário.
 
Em relação ao carro, à vaga e aos estacionamentos, por exemplo, além da mudança de comportamento, os custos da área construída e a menor pressão dos compradores e locatários por um número grande de vagas nos edifícios e locais públicos mudaram as relações dos construtores. Há, também, mais bicicletas e patinetes nas ruas, ciclovias e maior uso de transporte coletivo.
Sobre a relação compartilhar x usar x ter, destaco aspectos como lavanderia, academia e equipamentos como quadras, sauna e piscinas, já que os empreendimentos começam a migrar para o modelo de espaços compartilhados ou mesmo para operações comerciais nos embasamentos dos empreendimentos. Ninguém mais quer arcar com a ociosidade e manutenção e as pessoas preferem pagar pelo uso, buscando custos fixos menores.
 
Além disso, as pessoas têm preferido viver e trabalhar de forma compacta, com acesso a infraestrutura urbana, áreas menores para permanências e usos menores e otimizados com o intuito de baratear o custo das unidades. Os produtos comerciais também estão sofrendo profundas transformações, com grandes torres corporativas perdendo espaço na preferência para os escritórios compartilhados. Miraram e acertaram na mosca.
 
Enfim, ainda assim, o modo de vida humano, ao longo de milênios, pouco evoluiu nos aspectos do abrigo, da morada. Há sempre o foco na questão de determinar ambientes para determinados usos e seus produtos, com seus utensílios específicos e uma gama enorme de "coisas". O que quis mostrar é que estamos entrando em uma era em que essas "coisas" já não têm tanto valor. O que terá grande significância daqui pra frente será o uso e as experiências e os ambientes serão suportes transitórios para isso. 


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