Jovens cada vez mais deprimidos

Levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde apontou um crescimento de 115% nos atendimentos ambulatoriais e internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados à depressão na faixa etária de 15 a 29 anos, entre 2015 e 2018. Os dados são alarmantes e representam a deterioração da saúde mental de adolescentes e adultos. O problema abre espaço para um questionamento: o que está acontecendo com os jovens?

Existem vários fatores influenciadores para o surgimento de problemas psicológicos nessa fase da vida. A adolescência, por si só, já é um período complicado e conturbado, em que ocorrem várias transformações, além do surgimento de um conjunto de sentimentos, emoções e mudanças físicas e hormonais simultâneas. O adolescente não está preparado para lidar com tantas alterações e não sabe como buscar apoio.

As redes sociais, cada vez mais presentes no cotidiano, servem como um complicador do problema, pois muitas pessoas se comparam com os corpos, padrões de beleza e rotinas de famosos que acompanham. A situação pode levar a autoestima e confiança do adolescente a ser consideravelmente prejudicadas e norteadas por objetivos distantes da realidade. Há ainda o bullying, problema recorrente em muitas escolas, gerando impactos significativos e a longo prazo, resultando em problemas psicológicos sérios.

Também é comum, por exemplo, o adolescente se sentir pressionado com a aproximação do vestibular e do Enem. A tensão para conseguir boas notas, estudar todo o conteúdo e ingressar na faculdade acaba causando alguns transtornos. A saída da vida escolar para "encarar" a vida real não é fácil. Provoca medo e gera questionamentos sobre o futuro.

Já na fase adulta, os problemas mudam. Na busca por emprego e construção da carreira, muitos jovens ficam frustrados pela pressão de se tornar um profissional qualificado ou por decisões do passado que "pesam" a consciência posteriormente. Por vezes, a pessoa planeja sua vida, mas as coisas não acontecem da maneira esperada. A oportunidade de emprego não aparece, a vida amorosa não vai bem ou a condição financeira muda, gerando grande decepção. É possível, ainda, que o planejamento para a vida de fato se realize, mas não cause a satisfação almejada.

Para evitar esses problemas, é imprescindível buscar acompanhamento psicológico. É normal se sentir confuso e desnorteado com tantas mudanças e incertezas, mas é o auxílio profissional que vai proporcionar preparação para lidar com esses fatores. Deve-se trabalhar a percepção das mudanças, não como algo negativo, mas como uma oportunidade de fazer algo novo e melhorar cada vez mais. O estímulo à autoestima e a confiança em si mesmo são fatores-chave para o jovem passar a investir mais em seu potencial, vivendo com mais leveza e usando as redes sociais de forma positiva, sem se deixar levar por comentários ou pensamentos negativos. A saúde mental dos jovens é um tema tão importante que será abordado pela programação do Congresso Internacional Brain Connection 2019, em Belo Horizonte, de 21 a 23 de novembro.