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Estado de Minas

Mordaça e autoridades

O presidente é um homem impulsivo, não se contendo quando provocado


postado em 17/08/2019 04:00



Bady Curi Neto
Advogado, fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial e ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG)
 
 
 
Temos visto, atualmente muitas críticas ao presidente Bolsonaro, mais por suas falas do que propriamente pelas medidas governamentais, como se fosse um escudo para os seus acertos (reformas da Previdência, tributária, diminuição da inflação, juros, entre outras) em menos de 180 dias de governo.

O presidente é um homem impulsivo, não se contendo quando provocado, mas extremamente bem-intencionado e, pelo que pode ser deduzido de sua vida pregressa, de uma honestidade a toda prova, além de ser um patriota.

Assim como Bolsonaro, seus filhos, também, não medem suas falas, o que comprova o ditado popular "quem sai aos seus não degenera".

Evidente que se espera de um representante maior da nação, assim como de outras autoridades de quaisquer poderes ou instituição da República, cuidado maior com o vernáculo. Mas a perseguição, quase que exclusiva, às falas de Bolsonaro chega a ser risível.

O ex-presidente Lula, ao conclamar o apoio das mulheres de seu partido, utilizou expressão chula. Em outra oportunidade, Lula se referiu à cidade de Pelotas "como exportadora de v...".

O deputado Zeca Dirceu (PT), de forma grosseira, referiu-se ao ministro Paulo Guedes pela expressão "tchutchuca" no plenário da Câmara dos Deputados.

O deputado Glauber Braga (Psol) atacou o ministro Moro naquela mesma Casa, dizendo que entraria para a história como sendo "o juiz mais corrupto do Brasil", devido à sua atuação ao condenar várias pessoas ligadas à Operação Lava-Jato, entre elas o ex-presidente Lula.

Quem não se lembra das frases desconexas da ex-presidente Dilma, como aquela em que saudou a mandioca ou quando comparou a importância da Lua e do Sol: "A Lua é muito mais importante que o Sol, porque ela aparece à noite, quando está tudo escuro. Já o Sol, aparece de dia, quando já está tudo claro, ou seja, não tem utilidade nenhuma". O sensível presidente da OAB, indignado com a fala de Bolsonaro, em outra oportunidade, atacou uma colega de profissão nas redes sociais.

Procuradores da Lava-Jato questionaram, fora dos autos, decisões de ministros que não agradaram aos procuradores da República, incitando a população contra o Poder Judiciário.

Por sua vez, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), em sessões de julgamento, foi palco de um octógono de debates pouco republicanos, com ofensas entre seus membros. O então ministro Joaquim Barbosa acusou seu colega de fazer chicana; em outra oportunidade, acusou  o ministro Gilmar Mendes de ter capangas em sua fazenda.

O ministro Barroso disse ao seu colega Gilmar Mendes que ele era uma "desonra para o tribunal", sendo aconselhado por Gilmar a fechar seu escritório de advocacia.

Não quero rememorar as discussões pouco republicanas e agressivas das autoridades da República, apenas chamar a atenção à perseguição desenfreada pelas falas de Bolsonaro.

O ministro Marco Aurélio chegou a dizer que, para conter as falas do presidente, deveria usar um aparelho de mordaça.

Deve-se concluir que se a receita do ministro se estender às autoridades da República, faltará mordaça no Brasil.



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