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Poupança e investimento


postado em 02/07/2019 04:08


Para falar sobre o elevado nível de desemprego existente no país, é preciso distinguir dois importantes conceitos da economia, consumo e investimento. O primeiro é definido como a destruição de um bem ou serviço para satisfazer as necessidades humanas, enquanto que o investimento é a geração de nova riqueza. Portanto, a única medida que pode diminuir o nível de desemprego no Brasil é o aumento líquido dos investimentos, entendendo como tal a formação bruta de capital fixo menos a depreciação. Para o Brasil crescer, em torno de 4 a 4,5% ao ano, é preciso investir, aproximadamente, 25% do PIB, e isso só se concretizará se houver fontes de financiamento dos investimentos. Para o Brasil não ficar dependente de investimentos estrangeiros, é preciso gerar poupanças de R$ 1,7 trilhão, considerando o PIB de 2018.

A poupança nacional tem três fontes de geração:

Poupança das famílias, que é a diferença entre a renda menos o consumo das famílias. O Brasil, nos últimos governos, tem estimulado o aumento do consumo por meio do financiamento de bens de consumo duráveis, sob o pretexto de aumentar a demanda agregada e, portanto, desestimulando o ato de poupar das famílias, sem falar do efeito colateral dos juros exagerados cobrados pelo sistema financeiro, que diminuiu  a capacidade futura de consumo das famílias e, portanto, anulando aquele pretexto de aumentar a demanda e a produção  futuras  de bens de consumo.

Poupança das empresas, que é o lucro líquido dos negócios empresariais que deve remunerar o capital ou o patrimônio líquido das empresas todos os anos, a uma taxa no mínimo igual ao rendimento do capital numa aplicação financeira. Tendo em vista que o governo, como foi dito acima,  incentivou o consumo das famílias e o Banco Central, que tem como missão o controle da inflação, adotou uma política de valorização da nossa moeda para baratear as importações, de modo que as empresas brasileiras não  pudessem repassar os aumentos nos preços dos insumos industriais, principalmente o custo da mão  de obra, indexada com a inflação passada mais o aumento real sem correspondente aumento da produtividade  A consequência dessa política suicida não poderia ser outra, senão a recessão. Como resultado disso, as empresas não só pararam de obter lucros, como passaram a operar no vermelho e muitas quebraram. Tanto é verdade que a participação das indústrias de transformação na formação do PIB diminuiu para algo em torno de 11% em 2018, o que é pior, pagando 30 % da arrecadação bruta de todos os impostos. Portanto, o lucro líquido das empresas, que é a poupança das empresas, principal financiador da formação bruta de capital fixo, também secou.

Poupança do setor governamental, que é o superávit orçamentário dos três níveis de governo. Não é preciso falar muito a esse respeito, pois é sobejamente conhecido que, há muito tempo, a União, os estados e os municípios, esses últimos com raras exceções, são deficitários. Ouço muitos comentaristas de economia afirmarem que o Brasil está indo para o mesmo destino da Grécia; na minha opinião, uma grande ignorância. Se o Brasil, a exemplo da Grécia, renunciasse ao poder de emitir moeda, teria sido obrigado a fazer as devidas reformas há muitos anos. Aproveito para alertar aos contrários à reforma da Previdência de que o governo não vai deixar de pagar os aposentados exatamente porque tem o poder de emitir moeda e, se o governo recorrer a essa solução, irão rapidamente lembrar-se da inflação galopante de 2% ao dia. É preciso falar disso aos trabalhadores da iniciativa privada. Se a reforma previdenciária não for aprovada, só restam três alternativas: aumentar a carga tributária, que hoje já está em 34% do PIB – e como os impostos indiretos têm um peso significativo, o aumento da carga tributária prejudicaria, principalmente, os mais pobres. Portanto, uma péssima solução, além de injusta. Outra medida seria  tomar dinheiro emprestado do sistema financeiro, em última análise, dos ricos, aumentando ainda mais a dívida bruta do governo geral, que, em fevereiro deste ano, alcançou o montante de R$ 5,3 trilhões, equivalentes a 77,4 % do PIB. E, finalmente, a última solução seria emitir dinheiro para pagar os aposentados, como já foi mencionado. Portanto, analisando as três fontes de poupança interna, concluímos que não há geração de poupança suficiente para financiar os investimentos necessários. Essa é a razão por que o Brasil precisa atrair investimentos estrangeiros, aumentando a dívida externa brasileira, porque o Brasil é, tradicionalmente, deficitário em transações correntes com o resto do mundo, portanto, integrando o bloco dos devedores do planeta.


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