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Aparecida era o seu nome


postado em 10/06/2019 04:06

 

 

 




Ela veio de Bambuí. Terra de minha sogra, mais mãe do que sogra, que a convidou para "babá" de meus filhos pequenos. Chegou carregando sua modesta bagagem. Chegou sorrindo, como se já nos conhecesse. A modéstia, a discrição, a bondade, a inteligência, o bom senso eram, logo descobrimos, suas características. Ela nos conquistou desde o primeiro momento, a mim, Rachel, meus três filhos, crianças ainda, a menor, com menos de um ano.

De boa postura, sua família, seus antepassados originários da chamada pelos franceses de "Afrique noir", deveria pertencer a uma nobreza tribal. A insensibilidade do dito ser humano, nem sempre humano, que se julgava superior pela cor da pele, foi até lá, comprou ou laçou os nativos, espantados e inocentes diante da arrogância dos invasores, jogou-os de qualquer jeito nos porões de suas embarcações a vela, como se mercadorias de baixa qualidade fossem, trazendo-os para o continente que supostamente descobriram, habitado por indígenas que foram dizimados aos milhares, para transformar os pobres e indefesos seres amontoados uns sobre os outros, os que sobreviveram à viagem sofrida, em seus escravos. A mocinha educada e extremamente discreta, jamais mencionou o sofrimento que ela sabia ter sido imposto aos seus bisavós, ou tataravós, arrancados da terra que era deles.

Aparecida era o seu nome. Digo era porque já não mais está entre nós. Mas nela pensamos todos, sempre, com carinho, com amor, com saudade. Ficou conosco muitos anos. Era o anjo protetor que cuidava, quando viajávamos, das crianças e de tudo o que uma família exige. Ela assumia, com minha sogra, anjo protetor também, a superintendência geral da casa. Nunca nos decepcionou. Um dia casou-se e foi, com nosso apoio e incentivo, como ela merecia, cuidar de sua própria casa, de seu marido, de seus filhos, todos muito bem educados e criados.

Mantivemos por telefone, cada vez mais espaçados um do outro, nossos contatos com ela. Sabíamos que era feliz na nova vida, pelo tom da voz, sempre simpática, sempre cordial, sempre com a discreta alegria que era parte de sua personalidade. Solidária, sempre, fez-me companhia, e a meus filhos, em um dia muito triste, o mais triste de nossa vida. Chegou, abraçou-me, beijei sua testa agradecido.

Ficamos sabendo que ela também partiu para aquela viagem que não tem volta. Discretos e modestos, sempre, como sua mãe e avó, seus filhos, netos e parentes não nos comunicaram a perda sofrida. Não nos foi possível retribuir sua solidariedade, nem chorar com os que dela se despediam. Com nossa tristeza e saudade solitárias, guardamos lá no fundo do nosso coração e de nossa memória, sua imagem, seu exemplo, as lições de vida e de amizade pura que ela nos proporcionou. E que nunca esqueceremos.

 

***

Para não dizerem que os comentários que geralmente faço sobre política cederam todo o espaço para o registro que me senti na obrigação de fazer, por justiça e como homenagem a uma pessoa que viveu para o bem, para a bondade, para o amor e respeito ao próximo, muito acima do que se vê por aí, permito-me três observações que julgo importantes para o momento atual do país.

Primeira: não seria exagero do presidente da República preocupar-se com cadeirinhas para crianças nos bancos dos automóveis, quando tanta coisa importante exige sua atenção? Segunda: estaria correta a decisão da maioria dos juízes do Tribunal de Contas do Estado ao aprovar as contas do ex-governador Fernando Pimentel, do PT, mesmo com o rombo de milhões apurados que ele deixou?  Terceira: por que será que o governador Romeu Zema, sempre em trajes informais que não condizem com o status do seu cargo, ainda não montou toda a sua equipe, mantendo parte da que foi nomeada pelo seu antecessor, já quase na metade do primeiro ano de seu mandato? 


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