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Estado de Minas

Lembranças de um bom amigo


postado em 17/04/2019 05:04



Em 20 de março último, faleceu em Belo Horizonte, onde morava, o engenheiro, informata e empreendedor Raul Fulgêncio. Nascido em conhecida família do meio jornalístico mineiro, participou de bons momentos nos Diários Associados e, neste mês de abril, faria 74 anos.

Já nos tempos do Colégio Militar de BH, onde se matriculou em 1957, segunda turma da escola, Raul, embora jovem, já estava formado como ser humano: o bom e generoso companheiro que sempre levava os colegas para estudar até as madrugadas em sua casa, onde eram tratados como filhos por sua mãe, dona Carminha, e seu pai, Ivan Fulgêncio; e como irmãos pelo Raul e suas irmãs, Beatriz e Lúcia. E que dava trabalho aos sargentos para enquadrarem o seu desleixo no uniforme e que, para o desespero deles, certa vez chegou a calçar sapatos “paisanos”, em vez de coturnos militares (os batboots) como convinham a um candidato a futuro oficial.

Esse e outros “enquadramentos” próprios do colégio eram temperados, porém, pela simpatia que o jovem quase soldado, brincalhão e de humor irreverente, mas sutil, causava nos instrutores e monitores e que divertia os colegas “caxias”. Por isso, nunca provocava a ira dos sargentos, oficiais e professores; e era querido de todos, assim como dos seus futuros colegas engenheiros, profissionais de TI e do trade turístico.

Consciente de que a vocação militar não era o seu forte, Raul veio a se formar em engenharia no Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica (Ipuc), onde foi também monitor e professor. Depois, fez curso de análise de sistemas da IBM do Brasil em São Paulo, juntamente com outros 12 mineiros, e no intervalo para o lanche seu destino era a vitrine de doces da lanchonete mais próxima: paixão que o levou.

Já profissional da nascente área de computadores, sempre que podia dava uma escapulida da Afonso Pena, 1.500 até a Rua Goiás, para ver seu pai, Ivan Fulgêncio, que por telefone recebia e transcrevia com rapidez incomum as notícias das agências nacionais e internacionais, para serem publicadas no Estado de Minas.

Mordaz nas críticas e extremamente dedicado e leal aos amigos, Raul era mais disponível ainda para os milhares de crianças, jovens e adultos acompanhados por ele nas sonhadas viagens para conhecer a Disney. Lá, cuidava de todos com atenção e carinho especiais, mesmo quando se tratava de demandas individuais. Na agência de viagens, junto com sua mulher, Ana Maria, os filhos Sérgio e Flávia, e colaboradores, criou uma estrutura profissional que formava guias experientes para cada grupo de 10 a 15 pessoas. Ousado, certa vez alugou três aviões de grande porte, o Douglas DC-10 de 350 passageiros cada um, para atender seus clientes numa viagem a Orlando.

Quando a IBM atendia à Fiat, ele foi cuidar do APL (A Programming Language), uma sofisticada programação de operações matemáticas de alto nível que permitia análise e comparação de hipóteses que definiam a melhor relação custo/benefício para peças automotivas de fornecedores mundiais, ou seja, em moedas distintas de cada país.

A sua versatilidade e alta competência não pararam aí. Convidado pelo então prefeito da capital Eduardo Azeredo, foi presidente da Prodabel, empresa de informática da Prefeitura de BH. Ali, orientou a implantação do mapa digital de Belo Horizonte, entre 1989 a 1992, que começou pelo sobrevoo da capital, seguido da captura e recuperação das informações da cidade em três dimensões.

Esse projeto levou à contratação e implantação do geoprocessamento de BH, o georreferenciamento dos bancos de dados da cidade (GIS), em 1990, adotado muito antes da internet, Google Maps e similares. A PMMG, Polícia Civil, Cemig, Copasa, Embratel e Telemig se conveniaram com a PBH e o governo de Minas para a formação de banco de dados integrado. Como resultado imediato, o cadastro escolar de BH para 1992 não teve filas. As famílias informavam o seu endereço da conta de luz da Cemig e o computador da PBH matriculava o aluno na escola mais próxima da sua residência!

Posteriormente, a convite também do correto cidadão e amigo em comum, o ex-governador Eduardo Azeredo, Raul, como diretor de Produção da Prodemge por 12 anos e sempre dedicado, apoiou a implantação da certificação digital em MG e a atualização permanente dos sistemas estaduais. Nos últimos anos da Prodemge, ainda achou tempo para se formar bacharel em direito. Mais velho da turma, ao ser perguntado por que resolveu estudar, respondia com risos: “... queria saber se as decisões que tomei estavam certas...”: humor finíssimo!

Torcedor fiel do América, ele tinha um vozeirão inconfundível, um andar lento e uma fala pausada, resultado de reflexão, talvez, ou mesmo proposital, depois de avaliar as opiniões dos demais! Gostava muito de viajar, em especial para a área rural. Amava a natureza e, mesmo sem nunca haver comprado uma fazenda, tinha gosto especial pelo sítio dos Nogueira em Sabará, e pela Chácara Brandão, em Santo Antônio do Monte.

Em suma, o querido Raul sempre foi leve e bom! Agora, não há mais jeito, “a ficha caiu”: perdemos um grande amigo, daqueles cada vez mais raros.

Obrigado, Raul Monteiro de Barros Fulgêncio!


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