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Carta a meu pai, José Aparecido de Oliveira


postado em 03/04/2019 05:08


Em 1929, você nascia em São Sebastião do Rio Preto, distrito de sua amada Conceição do Mato Dentro, e fazia a diferença no mundo. Formou-se, na adolescência, nas searas linguísticas de Ouro Preto, sob a batuta do querido e admirado professor Padre Mendes Barros. Conclui os estudos em Araxá, que denominou a sua “segunda cidade”. Celebramos neste ano de 2019 os seus 90 anos. Por isso, pai, decidimos homenageá-lo organizando eventos em Portugal e no Brasil: o seminário  “José Aparecido de Oliveira: o embaixador da língua portuguesa”, na Academia Brasileira de Letras (ABL), lançamentos de livros e um documentário.O Brasil vive tempos difíceis, sofre de uma crise sem precedentes. 

A atriz Fernanda Montenegro, portadora de uma luz inigualável, em nosso recente encontro, expressou-se de modo profético: “Como o seu pai faz falta!”. Jornalista, político, assessor presidencial, deputado federal cassado em 1964. Desse período, você dizia: “Vivi mais tempo no escuro para as liberdades do que democracia no Brasil”.

Em 1982, retorna à vida pública, e, naturalmente, torna-se um dos timoneiros de um projeto que consolidava o retorno do regime democrático em nosso país. Primeiro secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais, primeiro ministro da Cultura do Brasil e governador de Brasília, cidade incorporada à sua alma, eis que, irmanado com o arquiteto Oscar Niemeyer, compartilhavam preocupações quanto ao seu destino. 

Ao assumir o governo do Distrito Federal, você abraçou o projeto de elevá-lo a patrimônio da humanidade, o que se concretiza em 1988; na ocasião, o professor Darcy Ribeiro lhe disse: “Você cravou uma lança na Lua”. Por fim, sua última missão: embaixador do Brasil em Portugal, que lhe foi designada pelo seu amigo dileto e exemplar presidente da República Itamar Franco.

Posso afirmar, com orgulho e admiração, que as comemorações dos seus 90 anos significam uma defesa de seu legado político, humano e da língua portuguesa. Fui testemunha de sua obstinação em levar adiante o projeto de criação de uma comunidade de língua portuguesa, que pretendia colocar sob um novo marco político-institucional as relações de cooperação entre Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. 

Você não mediu esforços para visitar cada um desses países, em viagens de longa duração, inclusive em aviões de carga extremamente desconfortáveis. Movido por sua convicção de que contribuiria com as próximas gerações dos países lusófonos, criou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP, que era um projeto de fraternidade entre os povos. Continuaremos, pai, semeando suas utopias e realizando os projetos impossíveis! Parafraseando nosso grande escritor, Guimarães Rosa: “Você não morreu. Está encantado entre nós”.


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