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As águas rasas: perigo para a coluna


postado em 02/03/2019 05:10

 

 


Minas Gerais é rico em beleza natural, com cachoeiras, rios e lagoas que são muito procurados nos fins de semana e, principalmente, nos feriados. Jovens, em especial, procuram esses locais para momentos de lazer que podem, contudo, transformar a alegria em grande tristeza. Nesses ambientes costumam ocorrer acidentes que ocasionam de leves contusões a óbitos.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, acidentes decorrentes de mergulho são a quarta causa de lesão medular no país, sendo que o mergulho em aguas rasas (onde a profundidade é inferior a 1,52m) responde por cerca de 70% a 80% desses acidentes. Salientamos que as fraturas de coluna, decorrentes de quedas, podem ser fatais e/ou causar danos irreversíveis. Muitos frequentadores de cachoeiras desconhecem os riscos e se aventuram na subida de trilhas com pedras escorregadias ou em saltos. Essas aventuras podem terminar com um trauma e, consequentemente, com uma contusão  e/ou fraturas da coluna. Na maioria das vezes, ocorre em adultos jovens e do sexo masculino, geralmente sob efeito de álcool.

Nos Estados Unidos, acidentes por mergulho são a quarta causa de lesão medular, ficando atrás dos acidentes por armas de fogo, acidentes automobilísticos e quedas.

Engana-se quem considera que um salto é seguro, pois no decorrer de um tempo, tocos e/ou pedras podem se deslocar e ficar na posição da queda. Normalmente, é muito difícil visualizar o fundo das cachoeiras, rios e represas.

A coluna cervical, frequentemente, é acometida nessas situações. Quando o indivíduo pula de cabeça, existe um forte impacto na região cervical decorrente da transferência de energia que a cabeça recebe e repassa para a coluna.  Essa região é a mais frágil, pois não tem a proteção da caixa torácica e do abdômen, tornando-se, portanto, vulnerável a fraturas e luxações.  A coluna vertebral cervical, além de fornecer apoio à cabeça, protege a medula. Lesões a esse nível podem acometer a medula e, consequentemente, ocasionar danos neurológicos graves, muitas vezes irreversíveis.

Essas lesões são denominadas de trauma raquimedular (TRM). Quando ocorre TRM que ocasione um déficit de motricidade e sensibilidade total, ou seja, não existe sensibilidade e movimento abaixo da lesão da medula, esse é um TRM completo. Essas lesões são extremamente graves e, muitas vezes, irreversíveis. Apresentam uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Quando ocorrem na coluna cervical, desencadeiam um quadro de tetraplegia. Traumas entre a primeira vértebra cervical e a quarta vértebra ocasionam insuficiência respiratória, pois causa a paralisia do diafragma, sendo necessário suporte respiratório definitivo.

Ressaltamos que a repercussão na vida do indivíduo, em geral jovem, é intensa, pois representa uma nova forma de convivência com a realidade, o que impõe uma nova visão do mundo quanto a expectativas. Também os custos para a sociedade são enormes, com elevados gastos diretos com o tratamento, e indiretos, pois muitas vezes são pacientes incapacitados para exercer atividades profissionais. Além de ser necessária reintegração à sociedade, muitas vezes se faz necessária também a readaptação física e psicológica à nova realidade.

Quando avaliamos a gravidade da situação, observamos que a prevenção é a melhor opção. Trata-se de uma condição séria que deveria ser tratada como uma das prioridades das medidas de saúde pública, principalmente na época do verão. Os avisos são ineficientes, uma vez que diversas vezes são desobedecidos.

 Alguns estudos com pacientes tetraplégicos e vítimas de mergulho em águas rasas revelaram que a preocupação maior das vítimas era no sentido de afogamento e não quanto à possibilidade de fratura da coluna cervical, caracterizando a desinformação. Nesse sentido, campanhas de alerta, veiculadas na mídia, e policiamento em áreas de risco se fazem necessários.


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