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Estado de Minas

No Brasil, em Minas. Estaria tudo podre?


postado em 19/11/2018 11:48

O que aconteceu com Minas e os mineiros? Onde estão, onde se escondem, embuçados no céu, os respeitados líderes políticos de antigamente? Homens públicos corretos, éticos, respeitados, como Arthur Bernardes, João Pinheiro, Benedito Valladares, Mello Viana, Wenceslau Brás, dos tempos de meus pais e avós. E os mais recentes, Bias Fortes, Israel Pinheiro, Rondon Pacheco, Itamar Franco. Desculpem-me os omitidos, afinal a lista é grande.


Ligo a TV e vejo, já não muito espantado, a notícia de que o vice-governador de meu estado (não votei nele) foi preso pela Polícia Federal, juntamente com deputados federais nunca confiáveis e outros servidores acusados de delitos graves. Corrupção ativa e passiva, apropriação indébita, e por aí. E mais: o atual governador, Pimentel, ao deixar o governo, será intimado a se defender em processo contra ele movido também por corrupção. Minas, como o Brasil, apodreceu?
Se analisarmos a conjuntura atual, sem partidarismo, sem influências ideológicas, chegaremos a uma constatação inesperada, mas real. A maioria dos problemas brasileiros tem origem em dois poderes, dos três acolhidos e consagrados na Constituição: o Legislativo e o Judiciário. O terceiro, o Executivo, pode provocar e provoca crises, mas tem sido mais vítima do que autor dos entreveros.


Fatos recentes e menos recentes, confirmam. Exemplo: por culpa do Legislativo, da Câmara Federal, leia-se Rodrigo Maia, seu presidente, e dos que o seguem, a reforma da Previdência não foi aprovada. Michel Temer e Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, deixaram-na pronta e acabada. Indispensável para corrigir distorções orçamentárias, diminuir o déficit fiscal, amenizar a crise econômica herdada dos governos petistas, foi sabotada pelos deputados federais, discreta, mas sabidamente influenciados por Maia. O presidente da Câmara traiu Temer, que nele confiava, e que jogava na reforma a salvação financeira do país e o sucesso de seu curto mandato.


Sem ela, o governo Temer parou, acabou. Manietado, sem condições de realizar o saneamento econômico que planejara com Meirelles, o presidente passou a cuidar de pequenos ajustes, aguardando, com melancolia evidente, o final de seu governo.


Agora, nova sabotagem, praticada pelos mesmos personagens, se repete. Jair Bolsonaro e sua equipe tentaram, sem sucesso, retirar o projeto da Previdência das gavetas da Câmara para que fosse votado e, finalmente, aprovado. O que tornaria menos problemático o começo da nova administração do país. A má vontade evidente dos dirigentes da Câmara e do Senado, que desejavam favores do novo governo, obrigou os que preparam a transição, para evitar uma derrota antes da posse, a desistir da ideia. O caso ficou para ser enfrentado a partir de janeiro.


Quanto ao Judiciário, basta mencionar a sofreguidão com que ministros do STF exigiram a majoração dos seus proventos. Foi um espetáculo vergonhoso, deprimente, desmoralizante. A proposta de aumento, paralisada corretamente pela então presidente Cármen Lúcia, foi votada em sessão administrativa, e aprovada com os votos contrários do decano Celso de Mello, de Rosa Weber e de Cármen Lúcia (elogiada ironicamente pelo ministro Marco Aurélio Mello, pelo seu “voto de pobreza”, como se R$ 33,7 mil mensais deixasse alguém pobre...),


Já liberada na Câmara, faltava o Senado. Que o fez. Com o presidente do STF, Toffoli, e de muitos de seus pares, até a procuradora-geral, de forma inusitada e descarada, pedindo a aprovação ao presidente do Senado e a senadores amigos, todos não reeleitos, a maioria deles com processos criminais pendentes. Um vexame histórico.


Os ministros, egoístas, não se importaram com o efeito cascata do aumento nas folhas de pagamento do Judiciário, do Ministério Público, do funcionalismo público federal, estadual e municipal, um rombo calculado em R$ 4 bilhões anuais. Comentário do presidente eleito Bolsonaro: “Um aumento inoportuno para um país em estado de insolvência financeira. Mas resta uma esperança: o veto do presidente Michel Temer, que sairia do episódio, se vetar, como herói nacional”. Advertem seus amigos que, ao deixar o governo, terá contas a ajustar com a Justiça, que dele se vingaria. Mas seus advogados teriam, na retaliação, um forte argumento de defesa.


O Judiciário estaria em seu juízo normal, ou teria bebido além do aconselhável? A cada dia uma decisão diferente. Um juiz manda prender. No dia seguinte, a pedido de um advogado poderoso ou amigo, um ministro cancela a decisão e manda soltar os que estão presos. Como aconteceu no caso da prisão do vice-governador mineiro e de alguns de seus comparsas. Presos em um dia, soltos dias depois. Fato que se repete sempre, instaurando insegurança jurídica, além de desmerecer e irritar os juízes desautorizados. Bebedeira, como já se disse, não deve ser, pois o excesso mataria os embriagados, talvez pelo poder absoluto que julgam ter.


Quase sempre termino com uma nota triste. Como hoje. Morreu aos 78 anos o jornalista e crítico de artes visuais Morgan da Motta, conhecido e respeitado em Minas, no país e no exterior. Luiz Humberto Morgan Longuinhos da Motta foi um dos pioneiros da crítica artística em Minas. Começou, jovem ainda, com uma coluna no Diário da Tarde. Rigoroso e polêmico, ficou famoso e temido. Quando da inauguração, em 1969, da nova sede da Associação Mineira de Imprensa (AMI), na Rua da Bahia, foi convidado a dirigir sua Galeria de Arte. Promoveu exposições de grandes artistas mineiros, Inimá, Chanina, Nello Nuno, Bax, Yara Tupinambá, Zizi, Lorenzato, Mariano, Apocalypse, e estrangeiros, como o holandês Peter Wiemers. Foi um incentivador de novos talentos. Morou três anos em Nova York e foi membro e diretor da Associação Nacional de Críticos (ABCA) e da Associação Internacional (AICA), da Unesco, em Paris. Deixou quatro irmãos e uma legião de amigos, que dele se despediram no Crematório do Parque da Colina. Vá com Deus.


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