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Estado de Minas CARNAVAL 2022

Escolas do Grupo Especial voltam à Sapucaí no carnaval do reencontro

Agremiações do Rio apostam em enredos que homenageiam ídolos, falam da pandemia e reverenciam a cultura negra nos desfiles que começam nesta sexta


22/04/2022 04:00 - atualizado 22/04/2022 08:21

Desfile de escola de samba
A escola Em Cima da Hora abriu os desfiles da Série Ouro do carnaval 2022 na Sapucaí, na retomada da folia depois de dois anos e dois meses sem a festa (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

As escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro voltam à Marquês de Sapucaí hoje, após dois anos e dois meses longe da avenida. A pandemia de COVID-19 cancelou os desfiles de 2021 e adiou as apresentações deste ano, originalmente previstas para fevereiro. Doze agremiações disputam o título, mas a que somar menos pontos será rebaixada à Segunda Divisão. A partir das 22h, seis escolas vão pisar na passarela; amanhã, será a vez da outra metade. A Viradouro, atual campeã, atravessa a pista hoje, em noite que será aberta pela Imperatriz Leopoldinense, de volta à elite após uma temporada no pelotão de acesso, e pela Estação Primeira de Mangueira.

A responsabilidade de reinaugurar o Grupo Especial fez a Imperatriz optar por cantar as histórias de Arlindo Rodrigues, carnavalesco da escola nos anos 1980 — a direção da apresentação ficará por conta de Rosa Magalhães, discípula dele. Depois, vem a Mangueira, do badalado carnavalesco Leandro Vieira. A verde e rosa aposta em uma homenagem a três de seus ídolos: o intérprete Jamelão, o compositor Cartola e o mestre-sala Delegado.

O Salgueiro, a terceira escola, deverá chegar à avenida entre a 0h e a 0h20. Famosa pelos versos do samba “Explode, coração”, a vermelha e branca optou por um enredo sobre a resistência negra. A Viradouro, quinta na ordem do dia, ousou ao escolher um samba-enredo em formato de carta. O narrador da letra conta à sua amada a alegria por poder sair às ruas para festejar após tempos sombrios. Pouco a pouco, os espectadores vão descobrir que o desfile remete ao carnaval de 1919, o primeiro depois do surto de gripe espanhola. Aquela folia serviu para festejar, também, o fim da Primeira Grande Guerra.

“Espremida” entre duas gigantes, a São Clemente tem o humor e a emoção como trunfos. Sem a estrutura da maioria de suas rivais, a escola do Bairro de Botafogo fará um tributo ao ator Paulo Gustavo, morto no ano passado por causa do coronavírus. A letra do samba tem passagens em primeira pessoa. Quem prestar atenção à canção, perceberá que o eu-lírico da música é Déa Lúcia, mãe do artista.

A última apresentação, que pode começar perto das 4h, será da Beija-Flor de Nilópolis. Neguinho da Beija-Flor, dono do microfone azul e branco desde 1975, vai cantar um samba sobre referências da intelectualidade negra, como a escritora Carolina de Jesus. “Empretecer o pensamento” é o lema, afinal.

BALUARTES DO SAMBA

Amanhã, poucas horas depois do último repicar dos tamborins do primeiro dia, a folia recomeça com a Paraíso do Tuiuti. Famoso por escolher temas-enredo relacionados ao mundo pop, o carnavalesco Paulo Barros deixou a zona de conforto e se debruçou sobre “Ka ríba tí ÿe”, uma apresentação que promete mostrar histórias de luta do povo preto. Em um ambiente onde os cantores são majoritariamente masculinos, o Tuiuti terá Grazzi Brasil como uma de suas intérpretes. Ela vai puxar o samba em parceria com Celsinho Mody.

Na Portela, “Igi Osé Baobá”, sobre a sagrada árvore, vai servir de mote para reverenciar a história da escola. Prova disso é que os ritmistas da Tabajara, a bateria portelense, vão tocar instrumentos decorados com o rosto de Monarco, presidente de honra da escola, que morreu em dezembro. Mais velho integrante da Velha-Guarda da agremiação, ele não resistiu a complicações de uma cirurgia no intestino. Em 2017, a Portela quebrou jejum de 33 anos sem um título.

A terceira agremiação de amanhã será a Mocidade Independente de Padre Miguel, em uma ode ao orixá Oxóssi, padroeiro da escola. No sincretismo religioso, a entidade é representada por São Sebastião, padroeiro do Rio. Quem chega depois é a Unidos da Tijuca. O Morro do Borel vai descer rumo ao asfalto para contar uma lenda indígena a respeito do guaraná, o fruto. A escola também terá uma mulher nos vocais: Wictória Tavares, que dividirá a função com Wantuir, seu pai.

A penúltima escola do carnaval carioca será a Grande Rio, com enredo sobre Exu. Embora desfile anualmente na elite desde os anos 1990, a escola de Caxias nunca foi campeã. Para encerrar a festa, a pedida é uma homenagem a Martinho da Vila, feita pela Vila Isabel. O samba é assinado por Dudu Nobre.

Cada uma das 12 escolas precisará passar pela Sapucaí em, no máximo, 70 minutos. O tempo mínimo é 10 minutos inferior. Ocorrida tradicionalmente na quarta-feira de cinzas, a apuração está agendada para terça (26/4). Nove quesitos serão levados em conta: samba de enredo, bateria, harmonia, evolução, enredo, alegorias e adereços, fantasias, mestre-sala e porta-bandeira, além de comissão de frente.

Entre a quarta e a madrugada de hoje, passaram pela Sapucaí as escolas do grupo de acesso, formalmente chamado de Série Ouro. A divisão contou com apresentações de agremiações tradicionais, como Império Serrano e União da Ilha do Governador. A Em Cima da Hora abriu os desfiles na quarta-feira.

FOLIA DO RECOMEÇO

Sexta-feira (22/4)

» 1. Imperatriz Leopoldinense – Enredo: “Meninos eu vivi... Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine” (Arlindo Rodrigues)
» 2. Estação Primeira de Mangueira – Enredo: “Angenor, José e Laurindo” (Cartola, Jamelão e Delegado)
» 3. Acadêmicos do Salgueiro – Enredo: “Resistência” (Reverência à cultura negra)
» 4. São Clemente – Enredo: “Minha vida é uma peça” (Paulo Gustavo)
» 5. Unidos do Viradouro – Enredo: “Não há tristeza que possa superar tanta alegria” (Carnaval de 1919, pós-gripe espanhola)
» 6. Beija-Flor de Nilópolis – Enredo: “Empretecer o pensamento” (Ode à intelectualidade negra)

Sábado (23/4)

» 1. Paraíso do Tuiuti – Enredo: “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram” (Resistência ancestral)
» 2. Portela – Enredo: “Igi Osé Baobá” (Baobá, a árvore sagrada)
» 3. Mocidade Independente de Padre Miguel –Enredo: “Batuque ao caçador” (Oxóssi, orixá e padroeiro da escola)
» 4. Unidos da Tijuca – Enredo: “Waranã – A reexistência vermelha” (A lenda do guaraná)
» 5. Acadêmicos do Grande Rio – Enredo: “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu” (Exu, o orixá, e histórias ligadas à entidade)
» 6. Unidos de Vila Isabel – Enredo: “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!” (Martinho da Vila)


Criança perde perna

Uma menina de 11 anos de idade ficou gravemente ferida e perdeu uma das pernas em um acidente com um carro alegórico na noite de quarta-feira nas proximidades do Sambódromo, no Rio de Janeiro, durante o primeiro dia de desfiles da Série Ouro, a Segunda Divisão do carnaval carioca. A criança, identificada como Raquel Antunes, teve ferimentos graves nas pernas, quando uma alegoria da Em Cima da Hora manobrava na saída da Praça da Apoteose. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a menina foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, que fica próximo ao Sambódromo, e passou por uma cirurgia para amputação de uma das pernas. A Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liga RJ), responsável pelos desfiles da Série Ouro, informou que o acidente ocorreu depois que a menina subiu em um carro alegórico na Rua Frei Caneca, na área da dispersão depois do desfile e já fora do Sambódromo. A assessoria de imprensa da Em Cima da Hora informou que está apurando as circunstâncias do acidente, mas que ainda não tem mais informações. A Polícia Civil investiga o caso.


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