
Segundo o relato da neta de Milta, Sandrine Oliveira, 29 anos, enquanto a família realizava as compras na Super Adega, no Jardim Botânico, surgiu o rumor de que uma pessoa calçara um par de sandálias e havia saído da loja sem pagar. As características da autoria do furto informadas ao mercado eram da avó de Sandrine, que teria passado a ser monitorada pelos seguranças.
A compra totalizou R$ 600 e, no momento de efetuar o pagamento, a atendente abordou Milta de maneira brusca e a acusou de ter furtado os chinelos que ela usava, segundo a família. Milta negou e reiterou que o calçado pertencia a ela. A própria Sandrine os comprou meses atrás. Outros clientes protestaram contra a abordagem e se formou uma confusão.
Ao conferir as imagens de câmeras de segurança, os funcionários constataram que Milta dizia a verdade, pediram desculpas e ofereceram água. Por causa do estresse emocional, Milta passou mal e queixou-se de dor no peito, ânsia de vômito e fadiga. Por isso, a família a levou direto para a Unidade de Pronto-Atendimento de São Sebastião. "Acho que é um despreparo dos funcionários, as palavras que foram usadas. Acontece que esse despreparo resulta em uma fatalidade", ressaltou Sandrine.
Espera por UTI
Com um relatório médico atestando a gravidade do caso, a família começou uma romaria para conseguir vaga de UTI na rede pública de saúde. Devido à demora, os familiares entraram com uma ação na Justiça.
O juiz de plantão, Rodrigo Otávio Donati Barbosa, concedeu parcialmente o pedido, que obriga o governo local a providenciar a internação da paciente, seja na rede pública, seja na particular.
No relatório médico, o responsável pelo atendimento da idosa explica que a paciente, hipertensa, foi estabilizada com a ajuda de medicamentos, e aguarda na sala vermelha da unidade, onde ficam os casos graves.
Na madrugada desta segunda-feira (30/11), após dois dias, Milta foi transferida para um leito de UTI no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Durante a manhã, ela realiza um cateterismo a fim de evitar um infarto. “Agora, esperamos que ela fique bem e inicie o tratamento. Não há previsão de alta”, explicou a neta de Milta, Sandrine Oliveira, 29 anos.
Posição do supermercado
O caso aconteceu na Super Adega do Jardim Botânico. Em nota encaminhada ao Correio, o supermercado afirmou que, desde o início, acompanhou e prestou os atendimentos necessários para Milta, além de conseguir uma vaga de UTI para a idosa. “Eles realmente conseguiram um leito para ela, mas, como a vaga do GDF saiu mais rápido, optamos por esta oferta”, confirma Sandrine.
Na delegacia de São Sebastião, onde a família registrou um boletim de ocorrência, o delegado responsável pelo caso informou que se manifestará em breve sobre as investigações.
Leia na íntegra o comunicado do Grupo Super Adega
Por meio desta nota oficial, o Grupo Super Adega vem prestar esclarecimentos acerca dos fatos ocorridos no dia 28/11/2020, por volta das 18h, na loja do Jardim Botânico envolvendo a Sra. Milta Jesus de Oliveira, nossa cliente. Em razão de comorbidades e doenças pré-existentes, a Sra. Milta teve um quadro de mal súbito após sentir-se constrangida por um de nossos colaboradores devido à ocorrência de fato isolado e também devido à sua idade.
O Grupo Grupo Super Adega informa que, tão logo tomou conhecimento dos fatos, por intermédio da Diretoria da empresa e da Gerência de RH, deu início a rigorosa apuração dos fatos e entrou em contato com a Sra. Sandrine, neta da nossa cliente. Após o contato, foi prestada toda a assistência psicológica, emocional e médico-hospitalar a fim de garantir que a Sra. Milta recebesse o melhor tratamento possível diante do ocorrido e tivesse acesso ao tratamento médico adequado e especializado para o quadro que apresentou.
Ressaltamos que sentimos muito pelos fatos relatados e, desde já, pedimos desculpa pelo ocorrido. A nossa empresa preza pelo bom relacionamento e gentileza com nossos clientes, é um grupo sério e não compactua ou incentiva qualquer tipo de ação ou omissão que possa causar constrangimento ou gerar situação discriminatória, vexatória, de injúria ou racismo aos nossos clientes.
O Grupo Super Adega repudia, veementemente, toda e qualquer atitude passível de provocar e/ou promover constrangimento e/ou discriminação. A empresa sente profundamente pela situação e informa que a Sra. Milta e sua família possuem canal direto com os Diretores do nosso Grupo, que estão à disposição para atender quaisquer demandas que se façam necessárias.