(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Fala de Eduardo gera uma crise diplomática

Deputado culpa China pela pandemia e provoca reação indignada da embaixada chinesa no Brasil


postado em 20/03/2020 04:00 / atualizado em 19/03/2020 22:42

Parlamentar sem partido disse ontem que jamais ofendeu
Parlamentar sem partido disse ontem que jamais ofendeu "o povo chinês", mas admitiu ter criticado o governo da China pela atuação na pandemia (foto: Gabriela Piló/Estadão Conteúdo - 2013 21/10/19)

Depois de usar as redes sociais para culpar a China pela pandemina do novo coronavírus, o que levou a uma reação indignada do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (sem partido) pediu desculpas ontem para o país asiático. Wanming afirmou que Eduardo tem “vírus mental” e exigiu uma retratação oficial do filho do presidente. A China é a maior parceira comercial do Brasil.
 
“Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, escreveu Eduardo nas redes. Os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados em Wuhan, na China. Nos últimos meses, a infecção se espalhou a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar pandemia, ao reconhecer que o vírus se espalhou por vários continentes.
 
Poucas horas depois, o Twitter da embaixada da China no Brasil respondeu ao comentário do parlamentar. “Lamentavelmente, você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio”, escreveu. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos’, continuou.
 
O embaixador Yang Wanming fez outras postagens em seu perfil oficial. “Suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial.” “A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e à @camaradeputados”, finalizou.

Retratação O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu desculpas à China na madrugada de ontem pela afirmação de Eduardo Bolsonaro. “Em nome da Câmara dos Deputados, peço desculpas à China e ao embaixador @WanmingYang pelas palavras irrefletidas do deputado Eduardo Bolsonaro”, escreveu Maia em uma rede social. Nas redes sociais o assunto ficou entre os mais falados no Twitter. A frase “até o maia” virou “meme”.
 
Na tarde de ontem, Eduardo Bolsonaro voltou às redes para se redimir com a China. “Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia”, escreveu. Depois da publicação, o deputado fez várias reflexões. Entre elas, Eduardo garantiu que “a comparação entre o coronavírus e a tragédia da usina nuclear de Chernobyl também não é novidade”.
 
Em nome do Senado, o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), encaminhou uma carta ao embaixador da China no Brasil pedindo desculpas após declarações do deputado Eduardo Bolsonaro. “Assim, como arrimo na sólida parceria já existente entre Brasil e China, apresento a Vossa Excelência e a todo povo chinês, em meu nome em nome do Congresso Nacional, nosso respeito, solidariedade e também nossas desculpas, reafirmando que nenhum obstáculo poderá separar nossos povos no combate a uma doença tão intensa e arrasadora que muito nos assusta e comove pelas sucessivas e danosas consequências que, sabemos, transcendem ao corpo”, diz a carta.

Governo O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou ontem, que a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro sobre a China não é motivo de estresse. Mourão tentou minimizar o impacto da declaração de Eduardo, afirmando que se trata da opinião de um parlamentar. Segundo ele, o assunto não é tema de conversa entre integrantes do governo Jair Bolsonaro. “(A declaração) não é motivo de estresse, pois a opinião de um parlamentar não corresponde à visão do governo. Nenhum membro do governo tocou nesse assunto”, disse o vice-presidente.
O vice-presidente teve papel decisivo na reaproximação do Brasil com China, após o país asiático ser alvo de declarações hostis de Bolsonaro ao longo de toda campanha eleitoral.

Itamaraty pede explicação

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, integrou a comitiva que acompanhou o presidente a Miami, de 7 a 10 de março, durante a qual o dirigente brasileiro se reuniu com Donald Trump, que irritou recentemente Pequim ao chamar o novo coronavírus de “vírus chinês”. O embaixador chinês retuitou uma mensagem de outro usuário da Internet, que descreveu a família Bolsonaro como “grande veneno do Brasil”, mas o post foi apagado logo depois.
 
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, respondeu ontem com um comunicado publicado em suas redes sociais. Araújo afirmou que as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que teve seu nome sugerido para ocupar a embaixada do Brasil em Washington, “não refletem a posição do governo brasileiro”, mas considerou “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e seus eleitores”.
 
“Eu já comuniquei ao embaixador chinês a insatisfação do governo brasileiro com seu comportamento. Temos a expectativa de uma retratação por sua repostagem ofensiva ao chefe de Estado”, acrescentou. “Vou conversar com o deputado Eduardo Bolsonaro e com o embaixador chinês, tentando promover um entendimento recíproco”, concluiu o ministro das Relações Exteriores.
No início da noite de ontem, a Embaixada da China informou que não ficou satisfeita com a resposta do deputado e espera uma retratação pública do parlamentar



receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)