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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Brasileiros a caminho do país

Aeronaves da FAB com grupo que estava em Wuhan estão voando de volta ao Brasil e devem chegar a Anápolis nesta madrugada. Bolsonaro garante que regaste não tem nenhum risco


postado em 08/02/2020 04:00 / atualizado em 07/02/2020 21:49

Quarto em que grupo que retorna da China vai ficar em quarentena de 18 dias conta com TV, frigobar e internet à vontade (foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Quarto em que grupo que retorna da China vai ficar em quarentena de 18 dias conta com TV, frigobar e internet à vontade (foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Os brasileiros que estão na cidade de Wuhan, na China, epicentro do surto do coronavírus, já embarcaram no voo de volta para o Brasil – mais especificamente para a cidade de Anápolis, em Goiás. Ao chegar no país, o grupo de 31 pessoas vão cumprir um período de quarentena de 18 dias. A previsão é de que eles cheguem na madrugada de domingo. A estudante Indira dos Santos, de 34 anos, relatou ao pai, José Rubens Campos, a emoção do embarque. "Foi emocionante de verdade. Quando a gente entrou no avião disseram 'bem-vindos ao Brasil", escreveu Indira.
 
Já José Neves de Siqueira Junior, pai do estudante Vitor de Siqueira, de 28 anos, foi para Anápolis mesmo sabendo que não poderá ter contato com o filho pelas próximas semanas. "Nós estamos extremamente ansiosos. Formamos um núcleo pequeno de pais que estão aqui em Anápolis para que eles saibam que, mesmo sem poder abraçá-los agora, eles se sintam fortalecidos ao saber da nossa presença", disse.
 
Durante a quarentena, três vezes ao dia, cada pessoa terá que passar por exames médicos, a fim de verificar sinais vitais e demais sintomas que possam surgir. Todos poderão circular por uma área externa e delimitada do prédio da base aérea, mas terão de usar máscaras cirúrgicas nesses momentos. A refeição será levada para o local e colocada em recipientes, para que todos se sirvam. Concluída a quarentena de 18 dias sem nenhum tipo de reação suspeita, os repatriados e a tripulação acompanhante serão liberados para irem para casa.
 
Durante a estadia em Anapólis, os brasileiros contaram com TV, frigobar, ar-condicionado e presentes para os hóspedes. As crianças também vão receber brinquedos. O grupo deve ficar em quarentena no local por 18 dias. O grupo terá acesso a videogames e internet totalmente liberada enquanto estiver no período de quarentena, principalmente para falar com a família. Eles também poderão assistir filmes e apresentações musicais da banda militar em um espaço externo, coberto por uma enorme tenda e no qual foi instalado um telão. Haverá ainda recreação para as crianças, com brinquedoteca e biblioteca.
 
“Sobre as atividades com banda e apresentações, (elas) vão acontecer. Diria que até na distância normal que qualquer pessoa vai assistir a uma banda. Dentro de um raio de segurança, vão seguir o regramento dessas distâncias que foram acordadas”, disse o almirante Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa. Todos os quartos já estão equipados com máscaras e luvas. Há uma grande área verde ao lado dos hotéis que poderá ser usada pelo grupo. Nela, há jogos de mesas, espreguiçadeiras e um pula-pula para crianças. Viajaram em cada avião da FAB 11 tripulantes e sete médicos. Estes profissionais de saúde serão os mesmos que farão o atendimento aos repatriados durante a quarentena.
 
Sem contaminados O presidente Jair Bolsonaro reforçou ontem que o resgate de brasileiros e seus familiares chineses da cidade de Wuhan não representa “qualquer risco” para a população do país. “Queremos passar a informação clara ao Brasil de que não existe qualquer risco com operação Regresso”, declarou o presidente após reunião no Ministério da Defesa. A previsão é que, além do grupo de repatriados, formado por 31 pessoas, virão outros 27 integrantes da equipe enviada pelo governo, desde médicos até diplomatas que prestam apoio à Operação Regresso, totalizando 58 pessoas.
 
Junto ao grupo, o governo brasileiro anunciou que “dará carona” para seis estrangeiros – quatro poloneses, uma indiana e uma chinesa – que ficarão na Polônia, uma das escalas das aeronaves. Todos passarão pelos procedimentos de segurança. Bolsonaro esteve no Ministério da Defesa na manhã de ontem para receber um briefing sobre o andamento da operação Regresso. O encontro ocorreu pouco antes dos dois aviões do governo brasileiro partirem de Pequim para Wuhan, epicentro do novo coronavírus e local do resgate.
 
Acompanharam o presidente os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Também estavam presentes representantes das Três Forças e do Itamaraty. Para passar informações claras à população, o presidente optou por chamar a imprensa, de improviso, para que a apresentação feita a ele, minutos antes, também fosse divulgada aos jornalistas. A explanação foi feita pelo major-brigadeiro Marcelo Damasceno, que afirmou que o espaço terá "todas as facilidades que um hotel tem". De acordo com ele, todos os dias haverá uma sugestão de horário de recolhimento. 
 

Brasil tem oito casos suspeitos


Maria Eduarda Cardim

Brasília – O número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil voltou a cair ontem. Segundo o último boletim divulgado pela Plataforma Ivis, oito casos ainda são investigados pelo Ministério da Saúde. Outros 26 foram descartados, e o país continua sem nenhum caso confirmado. Os estados que ainda têm casos sob suspeita são os mesmos de ontem: São Paulo, com três casos; Rio Grande do Sul, com dois; e Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com um cada. Segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), são considerados suspeitos os casos em que os pacientes apresentam febre e, pelo menos um sintoma respiratório, e viajaram à China nos últimos 14 dias ou tiveram contato com um caso suspeito ou confirmado.
 
Após dois dias de treinamento, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encerrou ontem a capacitação técnica de dez representantes de nove países das Américas do Sul e Central para o diagnóstico laboratorial da nova variante do coronavírus, batizada de 2019-nCoV. A iniciativa é resultado de articulação entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para compartilhar experiências, fortalecer as capacidades diagnósticas nacionais e regional e garantir que os países das Américas estejam preparados para responder à emergência sanitária com os mesmos protocolos de análise adotados pela OMS e já implementados no Brasil.
 
“Diante dos desafios de uma emergência, a cooperação internacional tem aqui uma base importante quando sabemos que não existe possibilidade de trabalhar que não seja de forma cooperativa internacionalmente. Até porque vivemos tempos de interdependência sanitária. De uma maneira mais simples: vírus não tem fronteira”, disse a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. “É um novo vírus: não podemos superestimar nem subestimar esse quadro”. Especialistas da Argentina, Bolívia, Colômbia, do Chile, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai participaram da oficina de detecção e diagnóstico laboratorial do novo coronavírus.

Risco baixo O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, que participou do evento na Fiocruz, avaliou como “baixo” o risco de chegada ao Brasil do novo coronavírus no momento. “A OMS estabelece como risco global alto, com o risco na China muito alto, e nós, no Brasil, considerando nossas características, entendemos que o risco é baixo neste momento. Não temos voo direto para a China e até o momento não temos caso confirmado. Podemos ter? Sim, podemos ter. E para isso que estamos trabalhando para evitar que, ao identificarmos, que esse vírus não se espalhe demasiadamente e a gente consiga interromper a cadeia de transmissão”.
 
O secretário elencou alguns fatores para que o risco não seja considerado alto como o fato de o país estar no verão, época menos propícia para a ocorrência de doenças respiratórias, e as rigorosas medidas de contenção do surto adotadas pela nação chinesa. “O vírus tem se apresentado com características de transmissão menores do que a expectativa que tínhamos há algumas semanas. Estamos com capacidade para detecção do vírus em tempo muito hábil. Apesar de termos o carnaval, não é uma festa de interesse dos chineses porque está muito próxima do feriado do Ano Novo chinês e eles estão evitando sair do país”, disse o secretário. (Com Agência Brasil)

Morte de médico revolta a China


A morte do médico que alertou para o novo coronavírus sacudiu a opinião pública chinesa e obrigou ontem as autoridades a reagir, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu para a escassez de material contra a epidemia. O oftalmologista Li Wenliang, de 34 anos, que trabalhava em Wuhan, alertou no fim de dezembro o aparecimento de um vírus nesta cidade. Foi punido por isso. Sua morte, devido a uma infecção, provocou duros comentários nas redes sociais. “É um herói que deu o alerta e pagou com a vida”, escreveu um de seus colegas de Wuhan na rede social Weibo. A hashtag “pedimos liberdade de expressão” surgiu nas redes e foi censurada.
 
A amplitude das críticas levou as autoridades a lamentarem publicamente a morte do médico, algo inédito, e anunciar o envio de uma missão a Wuhan “para realizar uma investigação exaustiva sobre temas relacionados com o doutor Li Wenliang propostos pelas massas'. O contágio do novo coronavírus já causou a morte de mais de 630 pessoas e contaminou mais de 31 mil. Cinquenta e seis milhões de cidadãos estão virtualmente retidos em casa. No resto do mundo foram confirmados 240 casos de contágios em quase 30 países e territórios, dois deles fatais, em Hong Kong e nas Filipinas.
 
Ajuda dos EUA O presidente americano, Donald Trump, conversou por telefone com seu contraparte chinês, Xi Jinping, a quem parabenizou pelo “trabalho muito profissional”. “Estão trabalhando muito e acredito que estão fazendo um trabalho muito profissional”, disse o presidente a jornalistas na Casa Branca. Xi garantiu a Trump que a China é “totalmente capaz” de derrotar esta nova epidemia e pediu a Washington, que nega a entrada em seu território de estrangeiros que passam pela China, a reagir “de forma razoável”, segundo veículos de comunicação chineses. Os Estados Unidos “estão preparados para gastar até US$ 100 milhões de fundos existentes para ajudar a China e outros países afetados”, declarou o secretário de Estado, Mike Pompeo.
 
Milhares de turistas a bordo de três cruzeiros estão bloqueados na Ásia pela detecção do vírus a bordo de seus navios. Em um deles, atracado em Yokohama (sudoeste de Tóquio), um argentino testou positivo – o primeiro caso confirmado de um latino-americano diagnosticado com o novo coronavírus. O Chile decretou alerta sanitário em todo o país, embora até o momento a infecção não tenha aparecido na América Latina.



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