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Estado de Minas HOMENAGEM

Brasileiro no top 10 da ciência

Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe que defendeu os dados sobre desmatamento da Amazônia depois de ser atacado por Bolsonaro, é escolhido um dos nomes do ano pela revista Nature


postado em 14/12/2019 04:00 / atualizado em 14/12/2019 10:34

Ricardo Galvão foi acusado por Bolsonaro de estar a serviço de alguma ONG. O cientista reagiu e defendeu os dados do INPE sobre o desmatamento (foto: Márcia Maria Cruz/EM/D.A PRESS - 14/10/19)
Ricardo Galvão foi acusado por Bolsonaro de estar a serviço de alguma ONG. O cientista reagiu e defendeu os dados do INPE sobre o desmatamento (foto: Márcia Maria Cruz/EM/D.A PRESS - 14/10/19)

Brasília – O físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que protagonizou o principal embate entre a ciência e o governo Jair Bolsonaro neste ano, foi escolhido pela revista Nature, uma das 10 pessoas que foram mais importantes para a ciência neste ano.

A informação estava embargada até terça-feira, quando será distribuída a revista, mas vazou mais cedo. Procurado pela reportagem, Galvão confirmou a homenagem e se disse surpreso. “Fui procurado pela Nature há mais de três semanas para uma longa entrevista e fiquei surpreso com a escolha”, afirmou. “Essa lista geralmente é feita com personalidades que têm publicações com resultados científicos importantes. Não tenho uma publicação, mas eles consideraram importante a minha posição de defesa da ciência perante a comunidade internacional em um momento de obscurantismo”, disse.

Galvão chamou a atenção de todo o mundo depois de responder às acusações sem prova do presidente Jair Bolsonaro, que disse que dados do Inpe que apontavam para um pico de desmatamento em julho eram mentirosos e acusou o cientista de estar “a serviço de alguma ONG” em um café da manhã com a imprensa estrangeira. Galvão decidiu no dia seguinte se manifestar. Deu sua primeira entrevista, quando afirmou que a atitude do presidente tinha sido “pusilânime e covarde”.

Ricardo Galvão foi exonerado do cargo no começo de agosto. Em novembro, o sistema Prodes, que aponta a taxa oficial de desmatamento da Amazônia, confirmou que houve um aumento de quase 30% na perda da floresta entre agosto do ano passado e julho deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores. Galvão estava no Inpe desde 1970 e dirigiu o órgão por três anos, desde 2016, com mandato até 2020. Ele fez doutorado em física de plasmas aplicada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e é livre-docente em física experimental na USP desde 1983. Depois de sair da direção do Inpe, voltou para a USP, para o Instituto de Estudos Avançados.

Após a exoneração, Galvão começou a dar palestras e participar de eventos no Brasil e no exterior. Em meados de agosto, ao voltar para a USP, Galvão deu um depoimento emocionado. “Sempre que a ciência for atacada temos de nos levantar. As autoridades sempre se incomodam quando escutam o que não querem”, disse. 

“Mas será que esse seria um momento de volta às trevas?”, questionou em referência à ditadura. Ele mesmo sentenciou: “Não. Porque a comunidade acadêmica e científica e o povo brasileiro não se calarão”.

Galvão, porém, rejeitou a ideia de ser tratado como herói. “Não usem a palavra herói ou mito. Não existe salvador da pátria”, disse. Em setembro, ele foi homenageado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).
 



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