Em um depoimento frio à polícia, o artesão Rômulo Sebastião Nascimento de Sousa, 21 anos, suspeito de amarrar e matar duas crianças, desenhou em um papel o esboço da planta da casa para explicar como cometeu o crime. O menino de nove anos e a menina de 12 morreram queimados na QNM 7 de Ceilândia nessa segunda-feira (12/5). O irmão mais velho das crianças devia R$ 140 ao artesão.
De acordo com o delegado da 15ª DP (Ceilândia), Davi Vilas Verdes, Rômulo indicou como fez para bloquear a saída dos quartos onde as crianças estavam amarradas. "Ele fez o esboço de um croqui, à mão, com a disposição dos móveis da casa para explicar toda a ação", disse Vilas Verdes. O desenho já foi enviado para a perícia.
A motivação do crime teria sido uma dívida de R$ 140 pela venda de peças de artesanato ao irmão mais velho das vítimas, Marcos Paulo Silva Santos. Rômulo chegou a afirmar que a dívida seria de R$ 500 enquanto Marcos Paulo diz que o débito seria de R$ 140, valor confirmado por Rômulo em uma conversa pelo Facebook obtida pela Polícia Civil.
O crime
No fim de semana, Rômulo cobrou o valor dos produtos e Marcos Paulo pediu para que ele passasse em sua casa na segunda-feira para quitar parte da dívida. Conforme combinado, o artesão foi até a residência de Marcos Paulo e recebeu R$ 100. Após o pagamento, os dois deixaram a casa.
Enquanto Marcos Paulo foi para o trabalho, Rômulo voltou até o local, onde estavam as duas crianças. O menino atendeu a porta e o artesão disse que havia esquecido alguma coisa e que queria buscar. O garoto, então, permitiu a entrada.
Dentro da casa, o artesão quis levar um notebook que estava no local para saldar o restante da dívida. Com medo, as duas crianças gritaram e tentaram impedir. Ele levou a menina para um quarto e amarrou as mãos dela com o fio de um carregador de celular. Depois, conduziu o menino para o outro quarto e o amarrou com um pedaço de lençol rasgado.
Crianças encurraladas
Quando Rômulo voltou para a sala para levar os objetos, percebeu que a menina conseguiu se soltar. O homem voltou para o quarto, amarrou as mãos com os fios junto ao pescoço da menina e colocou fogo no colchão. Fechou a porta por fora e escorou com a cadeira. No outro quarto, ateou fogo no lençol, saiu, também escorou a porta com uma cadeira e colocou o sofá para prender as duas saídas. Pegou um vidro de álcool e incendiou o local.
Na sala, colocou fogo nos outros móveis e deixou a casa levando um notebook, um tablet, três celulares e uma máquina fotográfica, dentro de uma mala. O criminoso foi localizado por volta das 19h de ontem pela Polícia Civil, na casa da namorada e confessou o crime.