Cinco meses depois dos protestos contra o aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em São Paulo, é a hora da falta de estrutura da educação pública criar um rastilho de pólvora para assombrar governadores e prefeitos e deixar o Palácio do Planalto em estado de alerta. Sindicatos de trabalhadores na área de educação vão aproveitar as comemorações hoje do Dia do Professor para fazer manifestações em todo o país. No Vale do Anhangabaú, em São Paulo, 20 mil pessoas são esperadas para protestar e assistir a um show de Martinho da Vila. Em Mato Grosso, os professores estão acampados na frente da Assembleia Legislativa. Na capital federal, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está acampada em frente ao Congresso desde o fim de agosto. “É um dia para cobrar mais respeito pela escola pública, o que pode gerar momentos de tensão”, afirmou ao Correio o presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão.
Leão lembra que cada unidade da Federação tem uma pauta específica e afirma que não há interesse em radicalizar o movimento, a exemplo dos graves incidentes ocorridos nas manifestações de professores no Rio de Janeiro. “Não há nenhum interesse nosso em sair por aí quebrando as coisas. Mas é claro que o clima pode esquentar, pois já percebemos a total incapacidade dos governantes estaduais e municipais em negociar”, disse o presidente do CNTE.
No Rio, por exemplo, a guerra é contra o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que aprovou um Plano de Cargos e Salários distante das demandas da categoria. Eles estão parados desde o início de agosto e em batalha intensa há duas semanas com o poder municipal. No última dia 1º, os professores invadiram a Câmara Municipal para tentar impedir a aprovação do projeto do prefeito. Foram expulsos com truculência pela Polícia Militar. “Naquela hora, veio à mente a repetição dos embates entre os estudantes e a PM, em junho, em São Paulo. Eram cidadãos comuns sendo agredidos pela força do Estado”, disse um aliado da presidente Dilma Rousseff.