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Estado de Minas

À procura de culpados por tragédia no Rio

Pedreiro retirado de dentro do elevador do Edifício Liberdade diz que quebrou paredes no 9º andar. Esposa do dono da empresa afirma que obra de decoração não pode derrubar prédio


postado em 28/01/2012 09:18

Rio de Janeiro – O ajudante de obras que trabalhava no 9º andar do Edifício Liberdade, primeiro dos três prédios que desabaram na noite de quarta-feira no Centro do Rio de Janeiro, confirmou ter derrubado quatro paredes de um ambiente nas últimas semanas. O pedreiro Alexandro da Silva Fonseca, que foi retirado dos escombros depois de se proteger dentro do elevador, disse que os pilares e as estruturas de concreto do andar foram mantidos de pé, mas afirmou que paredes de tijolos foram retiradas para a realocação de um banheiro. Ele relatou que não teve contato com nenhum engenheiro responsável pela obra desde que os trabalhos começaram, há cerca de duas semanas.

Já a mulher do empresário Roberto Monteiro, dono da TO – Tecnologia Organizacional, Lúcia Navarro, chamou de irresponsáveis as acusações contra a empresa – suspeita-se que obras realizadas em dois andares possam ter causado o desmoronamento. Em sua página no Facebook, ela comentou: “Isso é um ato irresponsável por parte da imprensa, do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e da prefeitura. Uma reforma para decoração não derruba um prédio”.

No comentário, Navarro afirma que não havia paredes centrais nos andares e que as vigas ficavam nas paredes laterais. “A parede tão falada que foi derrubada ficava entre os banheiros e era composta de tijolos. Se o responsável pelo Crea afirma que não tinha nenhuma caçamba na frente, era exatamente por isto: não havia entulho! Lucia Navarro disse ainda que a TO virou bode expiatório de órgãos que não querem ser responsabilizados por esse acidente.

Ela contou ainda aos amigos que por pouco seu marido poderia estar entre as vítimas do desabamento. “Por motivos divinos, hoje eu pedi que o Roberto pegasse o Theo para mim na creche!! E por isso ele estava em casa na hora do acidente. Agradecemos todas as ligações e manifestações de carinho!!! Agora é recomeçar...”, escreveu.

Apontado pelo condomínio do edifício como o responsável pela empresa contratada para a reforma do terceiro pavimento do prédio, o engenheiro de estruturas Paulo Sérgio da Cunha Brasil, dono da Estruturar Projetos e Engenharia, negou que tenha realizado qualquer obra ou projeto para qualquer um dos prédios que desabou. A informação havia sido dada pelo advogado do condomínio, Geraldo Simões. Até o momento, nenhum engenheiro ou empresa de engenharia assumiu responsabilidade pelas obras em andamento em dois andares da empresa TO.

Minutos Segundo Paulo Sérgio, sua única participação foi na confecção de um laudo que informava sobre a segurança da carga de três sacas de cimento que estariam sendo mantidas no terceiro andar do prédio. Ele contou que, atendendo a um pedido feito por um dos donos da TO, Roberto Monteiro, que é seu conhecido, foi até a obra, onde passou apenas 10 minutos para conferir a carga.

“A preocupação do síndico era sobre o peso de três sacas de cimento que estavam na sala. Era uma sala de 160 metros quadrados, sem divisórias, onde estavam armazenadas as três sacas. Como, em prédios residenciais, a carga admitida é de 150 quilos por metro quadrado, vi que não havia qualquer risco e escrevi um laudo apenas sobre isto. Não conheço o projeto da obra, não vi a obra e sequer sabia como a sala era antes. Apenas fiz um laudo para assegurar que 150 quilos de cimento não comprometiam a segurança no local”, esclareceu o engenheiro.



E mais...



Copa
O secretário Carlos Roberto Osório (Conservação dos Serviços Públicos) classificou de “estapafúrdia” a relação que a imprensa internacional está fazendo entre o acidente no Rio e a suposta falta de infraestrutura da cidade para sediar grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Jornais como o New York Times disseram que o “acidente mostra a incapacidade das autoridades em melhorar a infraestrutura da cidade para a Copa e as Olimpíadas”. A BBC de Londres seguiu a linha do jornal americano.

Fortuna
A assessoria do Banco Itaú Unibanco desmentiu ontem que a agência bancária atingida pelo desabamento estaria com cerca de R$ 3 milhões dentro do cofre. Segundo a assessoria, nenhum banco trabalha com uma quantia tão grande como a divulgada ontem em sites de comunicação. Ainda está sendo feito um levantamento sobre a quantia guardada no cofre da agência, informa a empresa.

Corpo
Até ontem a noite havia cerca de 20 toneladas de escombros no local do desabamento dos prédios. O corpo de uma mulher – a 13ª vítima – chegou a ser retirado por uma escavadeira e destinado ao terreno em que é armazenado o entulho. Só depois ele foi identificado e levado para o Instituto Médico Legal. O trabalho dos bombeiros também é dificultado pela ameaça de desabamento de parte da estrutura, que não caiu.

Destino
O Corpo de Bombeiros, a Polícia Civil e a Polícia Militar não se entendem em relação ao destino dos bens encontrados nos escombros dos prédios. Ontem, sete caixas eletrônicos do Itaú e quatro cofres de empresas de contabilidade foram achados, mas não há um inventário sobre os objetos de valor encobertos por toneladas de escombros. As informações desencontradas geram dúvidas. As autoridades fornecem diferentes caminhos para os interessados em recuperar o patrimônio. Durante a madrugada de quinta-feira, um dentista que tinha consultório no Edifício Colombo foi preso por calúnia e difamação ao acusar um bombeiro de saquear pertences.

Enterro
Sob chuva, amigos e familiares de Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, acompanharam ontem à tarde o enterro do zelador do Edifício Liberdade, no Cemitério São João Baptista, em Botafogo, Zona Sul da cidade. A filha de Lopes, Sandra Maria Ribeiro, não permitiu a aproximação da imprensa. “O que tinha para falar eu já falei”, disse. “Não estou culpando ninguém, mas futuramente é outra história”, completou.


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