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Estado de Minas

Com 116 presépios diferentes, Brasília dá boas-vindas ao Natal


postado em 23/12/2011 08:04

(foto: Ronaldo de Oliveira/CB DA Press)
(foto: Ronaldo de Oliveira/CB DA Press)
A representação do nascimento de Jesus Cristo, desenhada em várias cores e pelo olhar de culturas diversas, estampa a sala da família de Amélia Franco Diniz, 80 anos, e Raymundo Diniz, 83, moradores da Asa Sul. Por meio de 116 presépios vindos de 10 países diferentes, o casal dá boas-vindas ao Natal. O visitante é convidado a entrar na cena da chegada de Cristo já no hall do apartamento, quando se depara com um belo exemplar de gesso, presente dado por um amigo do aposentado.

Ao entrar no lar de Raymundo e Amélia, a sensação é que Cristo ainda nasce todos os dias e, a cada manhã, em um lugar do mundo. E o melhor: sempre com uma testemunha esculpindo o momento. Tem imagem de Jesus esquimó, nascido no Alasca; com traços indígenas, oriundo da América do Sul; e em representações clássicas romanas, direto da Itália. Os materiais com que o Salvador e sua família são moldados também são diversificados, indo do barro ao palito de fósforo, passando a matérias-primas mais elaboradas e valiosas, como o cristal e a prata. A família divina também pode ficar abrigada em uma cobertura de palha ou em uma cabaça oca bem brasileira.

A coleção particular do casal impressiona pela variedade de formas, traçados e materiais. O primeiro exemplar chegou em 1955, quando uma tia de Amélia trouxe um presépio esculpido em madeira feito em terras italianas. O segundo veio apenas 27 anos depois e foi a própria colecionadora que o comprou em Miami, Estados Unidos. É a partir dessa data que ela considera o início propriamente dito do hobby. “De 1982 em diante, ficamos em Brasília para comemorar o Natal. Antes, íamos para Aracaju, que é nossa cidade natal, e eu não me importava muito”, explica Amélia.

Desde então, a quantidade de imagens não para de crescer, seja pelas doações de amigos e filhos, seja pelo cuidado da dona de casa. Um dos últimos mimos recebidos foi uma pequena construção de palha vinda do Equador. Para mantê-los, Amélia é exigente, por isso, eles resistem ao tempo e às crianças da família. São sete filhos, 14 netos e dois bisnetos. “Meus dois bisnetos vieram aqui esta semana e as mães ficaram vigiando”, conta. O ciúme com a coleção é tanto, que, além dos pequenos serem mantidos distantes dos objetos, nem mesmo a diarista limpa os presépios expostos. A tarefa de tirar a poeira e passar um pano úmido em cada um deles é exclusiva de Amélia. “Tenho muito medo de eles quebrarem”, justifica.

Para assentar tantas marias, josés, cristos e reis magos, a saída foi comprar uma mesa extra. São três, todas lotadas, além de aparadores e cômodas, que também abrigam as imagens. Até a estátua do marido foi retirada de um aparador para dar espaço ao presépio norte-americano armado em cima de uma bandeja de espelho. “Viu? Até eu fui desbancado para dar lugar a esse presépio”, brinca Raymundo.

Ritual
Todo 1º de dezembro é sagrado para Amélia. Ela abre o armário e tira as caixas lotadas de presépios. Desempacota bonequinho por bonequinho. Depois, pensa a disposição de cada um, geralmente separando os menores dos mais rústicos e dos queridinhos. Assim, as diversas cenas do nascimento de Cristo introduzem a família ao espírito natalino. Em 6 de janeiro, ela empacota tudo de novo, encaixota e espera, ansiosa, o próximo Natal.


Para saber mais
Herança europeia

Os primeiros presépios foram introduzidos no Brasil pelos sacerdotes portugueses que desembarcaram na nova colônia. Em 1532, o padre José de Anchieta, ajudado pelos índios, modelou em barro pequenas figuras representando o nascimento de Jesus, com o propósito de incutir nos indígenas a tradição cristã. Mas esses objetos só foram efetivamente introduzidos e difundidos por aqui nos séculos 17 e 18 pelos jesuítas. Inicialmente, os exemplares que chegavam se inspiravam nos modelos importados de Portugal e da Espanha. Mais tarde, a representação natalina passou a ter fisionomia própria e cara brasileira. Principalmente após o movimento barroco. Desde então, os presépios nacionais passaram a ser esculpidos com influências indígenas, negras e caboclas. A fauna e a flora brasileiras também foram incorporadas à cena da chegada de Cristo.


História
São Francisco, o pioneiro

A Igreja Católica atribui o primeiro presépio à figura de São Francisco de Assis, em 1233, quando o santo resolveu reviver em uma gruta a história de Cristo. Com a ajuda de um rico senhor da região, conseguiu a manjedoura, o feno e os animais. Na noite de Natal, os sinos chamaram a população que vivia próxima à gruta. Vieram a pé, montados em burros ou a cavalos. Na gruta, entre os animais, uma missa foi celebrada. Desde então, os frades franciscanos imitaram o seu fundador nas igrejas e nos conventos abertos por toda a Europa e se transformaram nos verdadeiros pioneiros do presépio, antes dos dominicanos e dos jesuítas. Desde 1986, São Francisco de Assis é considerado o patrono universal do presépio.


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