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Estado de Minas

Em Belém, movimentação à favor da divisão do Pará é pequena

Plebiscito que vai decidir pela criação dos estados de Carajás e Tapajós será realizado hoje


postado em 11/12/2011 07:31

O vermelho e o branco predominam no colorido mercado Ver-o-Peso, um dos principais pontos turísticos de Belém. Nas geladeiras, nos balcões ou nas mesas, onde sobra um espacinho, há um adesivo com o desenho da bandeira do Pará escrito não e não, símbolo da campanha contra a divisão do estado. É difícil encontrar alguém nas ruas fazendo campanha pela criação dos estados de Carajás e Tapajós. As informações que correm na capital é de que as vozes favoráveis à separação são mais fortes no Oeste e Sul, onde podem surgir os novos estados. Mas a decisão final só vai sair hoje, quando os paraenses terão de ir às urnas para votar sim ou não.

“A nossa terra é rica, poderosa, temos de nos unir para preservar as nossas riquezas e a nossa cultura. Temos de ter orgulho de ser do Pará. Só os interesses políticos e econômicos vão se favorecer com a divisão. Criar pequenos estados não será a solução”, defendeu a feirante Socorro Soares da Silva. Ela contou que houve pelo menos duas passeatas na cidade pelo não. “Não vi muita campanha do sim, ninguém aqui quer a separação”, acrescentou.

Ao ouvir a feirante, o operador de usina termoelétrica Raimundo Rangel, que estava assentado por perto, logo se manifestou: “Eu sou a favor da divisão do Pará”. Um pouco tímido com os olhares que se voltaram para ele, Raimundo disse acreditar que a separação vai melhorar o acesso aos serviços na área da saúde. “As pessoas de outras regiões do estado têm de vir de muito longe para fazer consultas”, ressaltou. Para ele, mesmo se o processo da divisão for lento, vale a pena esperar. Raimundo reclamou que a campanha pró- separação do Pará foi pouca em Belém. A região da capital concentra 64,7% do eleitorado, contra os 35% que estão em municípios que podem ser beneficiados com a criação dos dois estados.

Se o sim vencer, o Pará remanescente ficará com apenas 17% do atual território e 64% da população. Carajás teria 58% das terras paraenses e 21% da população. Já Tapajós teria mais da metade da área do atual Pará, e 15% da população. O serralheiro Paulo Roberto Castro Soares não acredita que essa será a melhor saída para os problemas do estado. “O estado, em vez de se separar, tem é de se unir”, rebateu. Segundo ele, separação é interesse dos governos e não vai resolver os problemas do povo. “Isso tudo é politicagem. Por que só resolveram fazer esse plebiscito agora?”, questionou.

CAMPANHA Os rumos políticos que a campanha tomou também incomodaram o taxista Domingos Sávio. “Eu votaria no sim se fosse para beneficiar a população, mas a campanha na TV deixou claro que o interesse é político”, disse. Ele contou que já morou em Marabá, onde seria a capital de Carajás. “A situação lá é complicada, mas, se a divisão for beneficiar, é pouco”, acrescentou. A reportagem conversou com outros cinco taxistas que têm a mesma opinião. “Realmente é muito difícil achar uma pessoa que vote pelo sim em Belém”, comentou Domingos, que colou vários adesivos em seu carro.

E há quem use a criatividade para defender o voto. Aposentado, Raymundo Baptista Modesto sai com uma câmera de vídeo e um microfone nas ruas perguntando para as pessoas se vai votar no sim ou no não. Se a resposta for sim uma luz forte acende na cara do entrevistado. “É uma forma de divertir e defender o que penso”, disse. Ele acredita que o estado vai perder as riquezas com a divisão.

Na região onde poderá ser criado o estado de Tapajós está previsto a construção da hidrelétrica de Belo Monte. A região tem a maior parte de sua vegetação nativa conservada, além de concentrar áreas de preservação e aldeias indígenas. Santarém, que poderá ser a capital de Tapajós, é estratégica para a exportação de grãos do Centro-Oeste para a Europa. Já em Carajás está a maior reserva de ferro do mundo, os principais investimentos da Vale, o maior rebanho de gado do estado e a hidrelétrica de Tucuruí.

Justificativa

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), não haverá postos de votação para o plebiscito em Minas Gerais. Quem for eleitor paraense poderá justificar a ausência a partir de amanhã até 9 de fevereiro, em qualquer cartório eleitoral do país.


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