Ladrões usam filtro para limpar notas manchadas em roubo a caixa eletrônico

As quadrilhas que assaltam caixas eletrônicos em São Paulo já inventaram uma estratégia para contornar os dispositivos de segurança desenvolvidos pelas instituições financeiras que mancham de tinta as cédulas durante os ataques a agências, principalmente com o uso de explosivos, como dinamite. A polícia apresentou ontem produtos químicos usados para lavar as notas dentro de um filtro de água. O material foi apreendido com dois suspeitos que também guardavam em casa um revólver banhado a ouro.

Segundo o delegado Nelson Silveira Guimarães, diretor do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), é a primeira vez que a polícia encontra os produtos, que passarão por perícia para serem identificados. As notas manchadas foram apreendidas com o suspeito dentro de um filtro d’água, banhadas no líquido não identificado. Nelson disse que esse dispositivo antifurto precisará ser revisto, já que os bandidos descobriram uma maneira viável de limpar o dinheiro roubado.

A TecBan, administradora da Rede Banco 24 Horas, informou em nota que ainda não teve acesso ao material apreendido pelo Deic e, portanto, “não é possível afirmar que (a cédula) seja fruto de crime contra os terminais de autoatendimento de sua rede e que as notas tenham sido manchadas com a tinta de seu dispositivo”. Além disso, a empresa ressalta que as tintas usadas por ela “foram amplamente testadas, não apresentando a possibilidade de lavagem”.

Na última semana, o Banco Central decidiu não mais ressarcir o cidadão que receber uma cédula danificada por dispositivos antifurto, e as notas deixaram de ter validade. O objetivo da medida, segundo o BC, foi contribuir para a redução dos casos de furtos e roubos a caixas eletrônicos, ao dificultar a circulação de notas roubadas ou furtadas. Cerca de 75 mil notas manchadas estão em circulação.