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Estado de Minas

Os problemas com o hífen


postado em 21/12/2008 09:01 / atualizado em 08/01/2010 03:54

No Brasil, são 190,3 milhões de pessoas. Em Portugal, outros 10,5 milhões. E mais 20 milhões em países africanos e comunidades da Ásia. Ao todo, mais de 220 milhões falam o português e fazem do idioma o quinto mais falado do planeta, segundo o Ministério da Educação (MEC). Em outras palavras, quase 5% da população mundial está diante de uma encruzilhada: as mudanças na escrita, ainda uma grande interrogação na cabeça de estudantes, professores e até de especialistas no assunto.

A reforma ortográfica vai exigir esforço e dedicação dos interessados em aprender 20 novas regras e mais de uma dezena de exceções. A ampliação do alfabeto e a extinção do trema dão para tirar de letra. O fim do acento circunflexo nos hiatos êem e ôo também não é complicado, basta se acostumar à nova grafia de veem, creem, releem e voo, abençoo, perdoo. Já o fim dos acentos diferenciais de pelo, para, polo e pera, por exemplo, gera confusão. “A frase ‘Trânsito para BH’ agora tem sentido duplo. Não sabemos se um grande número de veículos congestiona a cidade ou se há fluxo de carros direcionados à capital”, alerta a especialista Dad Squarisi.

Mas o grande trava-línguas da reforma é mesmo o hífen. E não adianta tentar entender a lógica de uso do tracinho. Para escrever no padrão das novas regras do acordo ortográfico a única solução é decorar cada uma das normas. “O brasileiro já tem, de maneira geral, dificuldade no português. Agora, ele vai ter que entender as mudanças em algo que não conhece bem. Isso vai ser um caos. O lado positivo é que a reforma vai estimular, ou melhor, quase obrigar as pessoas a aprenderem mais sobre a língua. Mas o hífen, que sempre foi o grande complicador do idioma, não foi beneficiado em nada com a reforma”, critica o professor de português José Nani Júnior, com mais de 35 anos de experiência na área.

Segundo o presidente da Comissão de Língua Portuguesa do MEC (Colip), Godofredo de Oliveira Neto, os pontos mais polêmicos só serão esclarecidos com a publicação do documento oficial da Academia Brasileira de Letras (ABL). “O acordo ortográfico é como uma lei. Depois de aprovada, ela precisa ser regulamentada e pode estar sujeita a emendas. A reforma tem alguns pontos sujeitos a dupla interpretação e a academia está reunida para bater o martelo sobre as dúvidas. Acredito que o acordo será importante par ajudar a reduzir o analfabetismo, pois os livros passarão a ter maior tiragem e preços mais acessíveis”, afirma Godofredo.

OPINIÃO DIVIDIDA Nas salas de aula, as mudanças dividem a opinião dos alunos. Johner Zorzo Dornelles, de 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio, critica as novas regras de acentuação. “O nosso português quer ficar igual ao inglês, sem acentos? É tão bom quando a grafia das palavras nos ajuda a saber qual é a sílaba tônica. Isso facilita a pronúncia correta. A reforma complicou tudo e, por enquanto, estou evitando estudar as novidades. Vou prestar vestibular agora e as mudanças podem me confundir”, lamenta o candidato a uma vaga em medicina.

Já para a colega dele Patrícia Andrade de Menezes, também de 17, o acordo ortográfico pode ajudar as crianças em fase de alfabetização. “Para os que estão começando a aprender a língua, a mudança vai ser boa. Mas, para quem já está num estágio mais avançado de aprendizado, escrever é um ato automático e vai ser um custo aprender as novas regras. Acredito que será necessário um bom tempo para todo mundo se adaptar”, diz Patrícia. (GT)


Marcos Michelin/ EM/ D.A Press


O hífen, que sempre foi o grande complicador do idioma, não foi beneficiado em nada com a reforma

José Nani Júnior, professor de português


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