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Estado de Minas FACT-CHECKING

Checamos deputada e a afirmação de que policiais são pagos para morrer

Compartilhamentos de postagem em redes sociais sugerem que Talíria Petrone fez a declaração em sessão na Câmara, mas é fake news


09/12/2020 19:50 - atualizado 10/12/2020 07:58

Publicações compartilhadas centenas de vezes em redes sociais desde o início de dezembro asseguram que a deputada federal pelo PSOL Talíria Petrone disse, em sessão da Câmara, que policiais não fazem mais do que sua obrigação ao morrer em serviço, já que “são pagos para isso”.

A frase não consta, contudo, nas transcrições oficiais dos discursos de Talíria na casa legislativa. Não há, ainda, qualquer registro de que a deputada tenha dado tal declaração em outra ocasião.
“Deputada federal do PSOL Talíria Petrone eleita pelos cariocas e fluminenses, afirmou em sessão na Câmara dos deputados que ‘os policiais não fazem mais que obrigação [ao] morrer em combate contra o crime organizado, pois eles são pagos para isso, morrer’”, diz o texto replicado em múltiplas publicações no Facebook (1, 2, 3) desde o último dia 7 de dezembro.

Eleita em 2018, Talíria Petrone era assessora da vereadora Marielle Franco, defensora dos direitos dos jovens negros e crítica da violência policial em favelas do Rio de Janeiro, que foi assassinada em março do mesmo ano. 

A alegação sobre a suposta fala da deputada já havia circulado no Facebook e Twitter em agosto de 2019, mas voltou a ganhar força após viralizarem nas redes imagens de câmera de segurança que mostram o momento em que um policial militar foi morto ao tentar impedir um assalto no Rio de Janeiro, no último dia 4 de dezembro.

Uma busca nas transcrições oficiais das falas proferidas por Talíria no Plenário e em comissões da Câmara dos Deputados não localiza, contudo, qualquer frase semelhante à compartilhada nas redes.

Na verdade, entre 1º de fevereiro de 2019 - quando a deputada tomou posse - e 31 de agosto do mesmo ano - mês em que a alegação foi primeiro publicada nas redes -, Talíria mencionou a palavra “policiais” sete vezes.

Em três ocasiões (1, 2, 3), defendeu os direitos previdenciários da categoria. Em outra fala, se opôs a uma emenda que propunha o porte de arma por policiais e militares em aeronaves. Em outro momento, se manifestou contra uma proposta para ampliar o acesso de dados sigilosos a qualquer autoridade policial em investigações de crimes na internet.

E em outras duas vezes (1, 2) pediu melhorias nas condições de trabalho dos agentes policiais.

“Eu queria trazer [...] o quanto eu penso que este atual modelo de segurança pública é extremamente nocivo para os agentes da segurança pública, para os próprios policiais, que nem têm condições dignas de trabalho, seja de salário, seja de equipamentos, e que também estão inseridos numa lógica de matar”, disse Talíria, em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em 12 de junho de 2019.

Uma busca no Google pela frase viralizada não localiza qualquer registro de que a deputada tenha dado tal declaração em outro momento. A declaração também não consta em sua conta oficial no Twitter.

Em nota publicada em 23 de agosto de 2019, quando a alegação circulou pela primeira vez, Talíria a classificou de “fake news absurda”.

Está circulando essa fake news absurda nas redes! Nunca diríamos isso!

Defendemos um modelo de segurança pública a favor da vida e dos direitos: dos policiais, dos moradores de favela, do povo negro, do trabalhador. Compartilhe a verdade! pic.twitter.com/fswKdOpKIQ
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) August 23, 2019


Esse conteúdo também foi verificado pelas equipes do Aos Fatos e da Agência Lupa.

Em resumo, é falso que a deputada do PSOL Talíria Petrone tenha dito na Câmara dos Deputados que policiais não fazem mais do que sua obrigação ao morrer em serviço, já que “são pagos para isso”. A frase não consta nas transcrições oficiais das falas da deputada na casa legislativa.


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