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Estado de Minas ULAN BATOR

Papa deixa a Mongólia após viagem com vários gestos em direção à China


04/09/2023 06:01
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O papa Francisco deixou a Mongólia nesta segunda-feira (4), após uma visita de quatro dias ao país asiático marcada por esforços para estender a mão à China, nação com a qual o Vaticano não tem relações diplomáticas.

"Queridos irmãos e irmãs da Mongólia, obrigado pelo dom da amizade que recebi nos últimos dia. Bayarlalaa! (obrigado em mongol) Que Deus os abençoe", escreveu na rede social X (antes Twitter), pouco depois de deixar o país no avião papal.

Durante a manhã, Francisco visitou a "Casa da Misericórdia", um abrigo para pessoas em situação de rua e vítimas de violência doméstica na região da capital, Ulan Bator.

A visita reflete o desejo do pontífice argentino de 86 anos de estabelecer uma aproximação com os moradores das periferias.

Também marcou o fim de uma viagem ao país da Ásia Central, localizado entre Rússia e China, em um contexto de esforços para melhorar os vínculos com Pequim.

Após a missa de domingo, Francisco falou diretamente aos católicos da China para pedir que "sejam bons cristãos e bons cidadãos", em uma tentativa de aliviar as tensões com o regime comunista.

Vários católicos chineses viajaram à Mongólia, cuja Constituição garante a liberdade religiosa, para observar o papa de perto. Nesta segunda-feira, perto do abrigo, algumas mulheres cantaram em mandarim, sem conter as lágrimas, durante a passagem do veículo papal.

"Querido papa, nossos melhores desejos para você", cantou o grupo. Após a missa dominical, Francisco enviou uma "saudação calorosa ao nobre povo chinês".

- "Nada a temer" -

Este foi o segundo gesto aparante do pontífice ao Partido Comunista Chinês em dois dias, depois de ter declarado no sábado, a um grupo de missionários, que os governos "não têm nada a temer com o trabalho de evangelização" da Igreja Católica.

O governo chinês, oficialmente ateu, desconfia da Igreja Católica em seu território e exerce um controle severo sobre todas as instituições religiosas reconhecidas.

Uma chinesa que compareceu à missa de domingo relatou à AFP as dificuldades que enfrentou durante a peregrinação e disse que as duas pessoas que organizaram a viagem de seu grupo foram detidas na China.

"Tenho vergonha de exibir a bandeira nacional da China", disse. "Mas tenho que fazer isto e mostrar para o papa como é difícil para nós", explicou.

Outra mulher, da província chinesa de Hebei, afirmou que se considerava "abençoada" por ver o papa. "Ter nossa própria religião não significa que somos contra nosso país", disse.

A Santa Sé renovou no ano passado um polêmico acordo com Pequim, assinado em 2018, que permite às duas partes influenciar na nomeação dos bispos na China. Alguns críticos afirmam que esta foi uma concessão perigosa em troca da presença da Igreja no país.

A Mongólia, ex-satélite da União Soviética que virou uma democracia em 1992, tem maioria budista e sua comunidade católica é minúscula, de apenas 1.400 pessoas entre uma população de 3,3 milhões.

O país tem 25 padres, apenas dois deles nascidos na Mongólia, e 33 freiras.

A Mongólia tenta manter a neutralidade entre os vizinhos expansionistas, Rússia e China, dos quais depende para importar energia e exportar carvão, ao mesmo tempo que tenta uma aproximação de outras nações, como Estados Unidos e Coreia do Sul.


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