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Estado de Minas PARIS

Morte de Prigozhin é golpe duro para milícia Wagner, mas seu modelo sobreviverá


25/08/2023 14:44
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A morte do chefe da milícia Wagner e de dois dos seus líderes, na última quarta-feira (23), foi um golpe duro para o grupo paramilitar, embora o modelo, indiretamente ligado ao Estado russo, deva sobreviver.

Yevgueni Prigozhin, seu braço direito, Dmitri Utkin, e o comandante operacional do grupo, Valery Chekalov, morreram na quarta-feira quando o avião em que viajavam caiu perto de Moscou.

Desde então, os movimentos russos de extrema direita próximos ao setor militar lamentam o fim do grupo, disse o analista Lucas Webber, co-fundador da rede Militant Wire.

"Eles descrevem uma elite política e militar decadente, corrupta e desconectada da realidade do front. Prigozhin, por outro lado, era considerado um personagem corajoso que não tinha medo de criticar a hierarquia militar e visitava frequentemente seus homens em combate", explicou à AFP.

Em 24 de junho, Prigozhin rebelou-se contra o Estado-Maior e o ministro da Defesa, Serguei Shoigu. Ele tomou quartéis no sul da Rússia e marchou com suas tropas em direção a Moscou.

Durante o motim, o presidente russo, Vladimir Putin, não escondeu sua raiva e acusou o seu antigo aliado de "traição".

A morte de Prigozhin deixa Putin livre para repensar a estrutura deste império paralelo, que provavelmente pagou o preço por ter acreditado ser mais forte do que era. E do setor de grupos militares privados russos (SMP).

- "Um único homem" -

"Uma lição que Putin provavelmente aprendeu com os motins de junho é o perigo de dar tanto poder e responsabilidade (...) a um único homem", escreveu a especialista em mercenários Catrina Doxsee, do think tank CSIS em Washington.

"Embora a Rússia tente manter o modelo dos SMP para a sua política externa e sua assistência à segurança, o mercado provavelmente se diversificará" para evitar o surgimento de um novo Prigozhin, acrescentou. Já existem vários grupos na lista, como Redut, Convoy e Patriot.

"Para que isso funcione, é necessária uma série de parâmetros. Entre eles, ter o ouvido e a capacidade financeira de Putin, e ter uma ferramenta de influência", resume Lou Osborn, da ONG All Eyes on Wagner e co-autora de um livro sobre o grupo.

Estes grupos "têm muito menos presença e são menos treinados que Wagner, mas seguem a mesma estrutura", especifica.

A pesquisadora já notou a chegada de outros grupos de dissidentes de Wagner e os laços estreitos que mantêm com o GRU, o serviço de inteligência militar russo.

Assim como aconteceu com Wagner, o Kremlin poderia atuar em um jogo duplo. Por um lado, controlar e apoiar esses grupos. Por outro, manter uma distância suficiente para não ter que responder por cada uma das suas ações, especialmente na África.

"É provável que o Estado russo exerça um controle mais direto sobre os SMP em países estrangeiros, sem admitir plenamente que estão sob a autoridade direta do Kremlin", explica Aditya Pareek, do Instituto de Inteligência Privada Janes, do Reino Unido.

- Conquistas na Ucrânia -

O futuro de Wagner está atualmente envolto em incertezas.

"Não posso dizer nada agora [sobre isso], não sei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, nesta sexta-feira.

O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou estar pronto para recebê-los de braços abertos, como já fez com Prigozhin e muitos dos mercenários que participaram no motim de junho.

"Wagner viveu, vive e viverá em Belarus", disse Lukashenko, citado pela agência de notícias estatal Belta. "O núcleo [de Wagner] continua aqui (...). Dentro de alguns dias, todos estarão aqui, até 10 mil pessoas", acrescentou.

A especialista Catrina Doxsee pensa que a milícia poderia adotar "um novo nome" para que as empresas na sua órbita "possam ser divididas em entidades separadas", sem descartar a sua nacionalização.

A lealdade do Kremlin não será mais negociável. O acidente de quarta-feira à noite "é uma mensagem muito clara: 'não me ultrapassem, é uma questão de sobrevivência'", afirma Lou Osborn.

Putin publicou nesta sexta-feira um decreto que obrigará os milicianos a jurar "fidelidade" e "lealdade" à Rússia, "cumprir estritamente as ordens dos comandantes e superiores" e "respeitar sagradamente a Constituição russa".

Muitos analistas destacam que Moscou, apesar dos seus problemas, não pode prescindir dessa ferramenta, que provou o seu valor ao longo dos anos na África, no Oriente Médio e nos combates na Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

"As últimas conquistas táticas na Ucrânia foram obra do grupo Wagner", lembra Maxime Audinet, do Instituto de Pesquisa da Escola Militar (IRSEM) de Paris.


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