Imagens do local do acidente mostraram compartimentos de trem destruídos e abertos com buracos manchados de sangue perto de Balasore, no estado de Odisha (leste).
Vagões viraram completamente na colisão ocorrida na noite de sexta-feira, e os socorristas buscavam sobreviventes presos nos destroços retorcidos, enquanto dezenas de corpos estavam dispostos sob lençóis brancos ao lado dos trilhos.
Com a chegada do amanhecer no sábado, os trabalhadores de resgate puderam ver a extensão completa da tragédia. Sudhanshu Sarangi, diretor-geral dos Serviços de Incêndio de Odisha, afirmou que o número de mortos era de 288, mas que pode aumentar.
"Os trabalhos de resgate ainda estão em andamento", disse à AFP.
Acidentes ferroviários não são incomuns na Índia, que tem uma das maiores redes ferroviárias do planeta. O país já registrou várias tragédias do tipo no passado, mas a catástrofe de sexta-feira é considerada a mais letal desde a década de 1990.
O secretário-chefe do estado de Odisha, Pradeep Jena, confirmou ainda que "mais de 850 feridos foram levados para hospitais" depois o acidente, que aconteceu a quase de 200 quilômetros da capital do estado, Bhubaneswar.
O desastre foi provocado pelo descarrilamento de um trem expresso que seguia de Bengaluru para Calcutá (nordeste do país) e que invadiu a via adjacente na direção sul.
Minutos depois, o Coromandal Express, que seguia de Calcutá para Chennai, caiu nos escombros. Alguns de seus vagões também colidiram com um trem de carga que estava estacionado nas imediações.
- "Quero esquecer" -
Um sobrevivente disse a repórteres locais que estava dormindo quando o acidente aconteceu e que acordou preso entre uma dezena de passageiros. Ele conseguiu sair do trem rastejando, com ferimentos no pescoço e no braço.
Uma emissora de TV exibiu imagens de um vagão tombado e de pessoas que tentavam resgatar as vítimas.
"As pessoas estavam gritando, pedindo ajuda", disse Arjun Das, outro sobrevivente.
"Havia feridos para todos os lados, dentro dos vagões, sobre a ferrovia. Quero esquecer as cenas", acrescentou.
Anubhav Das, um investigador de 27 anos, também disse à AFP o que observou após o acidente. "Vi cenas repletas de sangue, corpos mutilados e um homem com um braço amputado sendo ajudado de maneira desesperada por seu filho ferido", relatou.
"Perdi a conta dos cadáveres antes de deixar o local. Agora me sinto quase culpado", disse.
Diante do elevado número de afetados, os feridos estavam sendo transportados tanto em ambulâncias quanto em ônibus para qualquer hospital que tivesse espaço disponível.
- Hospitais lotados -
"Preparamos todos os grandes hospitais públicos e privados desde o local do acidente até a capital do estado para atender aos feridos", destacou SK Panda, porta-voz das autoridades do estado de Odisha.
Ele acrescentou que "75 ambulâncias" foram enviadas ao local e que também foram disponibilizados "muitos ônibus" para transportar os passageiros feridos.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou que estava "consternado" com o acidente.
"Nesta hora de dor, meus pensamentos estão com as famílias que perderam entes queridos. Que os feridos se recuperem rapidamente", disse Modi no Twitter.
O mandatário também afirmou ter conversado com o ministro dos Ferrovias, Ashwini Vaishnaw, para "avaliar a situação".
Vaishnaw assegurou que estava se dirigindo ao local do acidente e que equipes de resgate, incluindo a Força Nacional de Resposta a Desastres e a Força Aérea, haviam sido mobilizadas.
Apesar deste incidente, a segurança ferroviária havia melhorado significativamente no país nos últimos anos devido a investimentos massivos e atualizações tecnológicas.
O acidente ferroviário mais mortal do país ocorreu em 6 de junho de 1981, no estado de Bihar (leste), quando sete vagões de um trem caíram de uma ponte em um rio, resultando em entre 800 e 1.000 mortes.
Mais recentemente, em 20 de novembro de 2016, um trem com 2.000 passageiros descarrilou no estado de Uttar Pradesh (norte) enquanto a maioria dormia, causando 146 mortes e 180 feridos.
Neste século, a Índia teve 13 acidentes ferroviários com mais de 50 vítimas, três deles resultantes de atentados.
NOVA DÉLHI