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Estado de Minas PARIS

Correspondentes de guerra resistem no front ucraniano um ano após a invasão russa


22/02/2023 13:29

A eclosão do conflito na Ucrânia mobilizou meios de comunicação de todo o mundo e, um ano depois, jornalistas que atuam no front se surpreendem com a resistência do país invadido pelas tropas russas e a intensidade dos combates.

Quando começou a invasão, em 24 de fevereiro de 2022, "todos pensaram: 'esses pobres ucranianos, eles são muito, muito corajosos, é formidável ver como eles lutam, mas em dois meses isso vai acabar'", lembra Florence Aubenas, enviada especial do jornal francês Le Monde. Esta veterana correspondente de guerra já esteve no front cinco vezes.

Ao contrário de outras guerras esquecidas no mundo, as implicações econômicas e geopolíticas desse sangrento conflito são grandes demais para serem ignoradas. Ainda que, de fato, na bacia do Donbass, leste ucraniano, uma guerra sangrenta já estivesse sendo travada entre Kiev e os separatistas pró-Rússia desde 2014, sem despertar grandes paixões.

Já no ano passado, "12.000 jornalistas ucranianos e estrangeiros foram credenciados" para cobrir a guerra da Ucrânia contra seu vizinho invasor.

"É imensa", diz Jeanne Cavelier, da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que menciona "um terreno de fácil acesso para as redações, principalmente as europeias".

- Censura russa -

O acesso pelo outro lado do front é muito mais difícil, senão impossível, explica o repórter britânico Tim Judah (The Economist).

"É a principal diferença desta guerra em relação a muitas outras que cobri" lamenta este jornalista que ainda não conseguiu confirmar se as forças ucranianas bombardearam civis em Donetsk, como afirmam os pró-russos.

"Tentamos fazer as coisas de forma equilibrada, mas o fato é que é mais difícil do lado russo", confirma o repórter Emmanuel Peuchot, que reforçou o escritório da AFP em Kiev.

As autoridades russas organizaram viagens altamente controladas ao front para a imprensa internacional até os meses de verão de 2022. Desde então, os veículos ocidentais não são mais bem-vindos, e isso coincide com as dificuldades do Exército russo. Apenas alguns selecionados podem seguir para o front.

Qualquer informação que as autoridades militares russas considerem caluniosa pode levar a sanções criminais.

Até agora, oito jornalistas foram mortos na guerra e 19 ficaram feridos, segundo o balanço provisório da RSF.

Nos últimos seis meses não houve mais mortes, mas os bombardeios são intensos e as equipes no front sofrem "um intenso cansaço mental", explica o chefe de reportagem do grupo francês TF1, Thierry Thuillier, cujas equipes passam em média três semanas no front.

- "Cansaço" -

"É um cansaço que não é visível, que nem todos sentimos da mesma forma, porque enfrentamos questões de vida e morte", confirma o repórter do TF1 Michel Scott, na Ucrânia.

A dimensão deste conflito não tem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, diz este veterano correspondente de guerra, que afirma ter coberto "dezenas de conflitos nos últimos 30 anos".

Os exércitos usam meios "extremamente modernos" e o balanço de perdas humanas "quase não diminuiu desde o início".

"Cada conflito tem a sua particularidade em termos de riscos, neste caso são os bombardeios", com "toda a gama imaginável de mísseis e obuses".

A repórter da rede árabe Al-Jazeera, Hoda Abdel-Hamid, no entanto, afirmou que as linhas do front "são claras" e que "as zonas de perigo estão bem definidas", embora "as cidades sofram bombardeios".

Em comparação com o caos, a pobreza e os saques das guerras no Iraque e no Afeganistão, "a ordem reina e as instituições funcionam" na Ucrânia.

Enviado especial da rádio espanhola Cadena Ser, Nicolás Castellano explica que o seu trabalho é "muito fácil" comparado às coberturas que fez na República Democrática do Congo, Somália e Sudão do Sul.

"Temos internet a qualquer hora, podemos enviar informações de qualquer lugar, pegar um trem", explica este repórter, que também diz que, na Ucrânia, não precisa "brigar" com seus superiores para entrar ao vivo.

Todos os enviados especiais entrevistados confirmam que ainda retornarão à Ucrânia.

O conflito "vai durar muito tempo", prevê Emmanuel Peuchot. "Gostaria de presenciar a paz e as negociações. E quando esse país for reconstruído, também adoraria estar presente", confidencia a jornalista Maryse Burgot, da France Télévisions, voltando de sua sétima missão no front.

TF1 - TELEVISION FRANCAISE 1


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