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Estado de Minas MORTE DA RAINHA

Analistas dizem o que esperar da monarquia britânica com o rei Charles III

Especialistas preveem cenário difícil para o sucessor da rainha Elizabeth II. Crise política e econômica, além de desgaste pelo Brexit, são os desafios


12/09/2022 04:00 - atualizado 11/09/2022 22:13

Charles III em frente a uma coroa
Aos 73 anos, Charles precisará superar um clima de desconfiança, já que assume o trono britânico em momento complicado (foto: Jonathan Brady/POOL/AFP)


Sem o mesmo carisma e reconhecimento popular de que gozava a mãe, Elizabeth II – morta na quinta-feira, aos 96 anos –, o rei Charles III assume o trono em momento crítico para o Reino Unido e, por extensão, para a monarquia britânica. Esse estado soberano, que integra sob um único reino Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, acaba de perder para a sua ex-colônia, a Índia, a posição de quinta economia do mundo. Vive profunda crise econômica, inflação de dois dígitos, desgastes decorrentes do Brexit e insatisfações políticas de longa data, que tendem a reavivar o ímpeto independentista da Escócia (que não é novo) e catalisar ideias que também circulam na Irlanda do Norte e em Gales.
 
Ainda no campo da política, acaba de assumir a primeira-ministra Liz Truss, que, sem perfil agregador, não tem a plena confiança da população e de seu próprio Partido Conservador: foi eleita com 57,4% dos votos válidos da legenda, a mais baixa porcentagem entre os quatro eleitos por voto indireto desde 2001.
 
“São desafios que a monarquia inglesa vai enfrentar sem Elizabeth II, que construiu em torno de si uma imagem de grande autoridade, um símbolo forte da continuidade, da ideia de que o Reino Unido sobreviveu às Grandes Guerras, às crises que vieram depois delas”, afirma Jorge Macarenhas Lasmar, professor de Relações Internacionais da PUC Minas e doutor em Relações Internacionais pela London School of Economics.
 
“Charles III não tem esse carisma. E o fim dessa credibilidade pode ameaçar a própria ideia do Reino Unido, com o fortalecimento dos movimentos independentistas da Escócia, Irlanda do Norte e Gales”, pontua Lasmar. “É significativo que a primeira coisa que o rei vai fazer, e está no protocolo Unicórnio, é visitar os países para que declarem lealdade”, sustenta.
 
Lasmar assinala que a questão que se coloca é se Charles III também vai conseguir manter a ideia da monarquia, distante da realidade de vida da população. “Há movimentos republicanos contra a realeza. Charles vai ter pulso e carisma para manter a própria monarquia?”, indaga.
 
Opinião semelhante manifesta Dawisson Belém Lopes, professor de Política Internacional da UFMG e pesquisador visitante da Universidade de Oxford, para quem a morte da rainha, uma personalidade em quem a população do Reino Unido confiava, coincide com momento de turbulência econômica e política.

“O Estado enfrenta crises múltiplas, uma crise econômica séria, com perspectiva de recessão. Inflação de dois dígitos, uma novidade para eles, há quase 30 anos não tinham inflação tão alta, que tem a ver não só com a guerra na Ucrânia, mas também porque há seca no país e na Europa inteira”, destaca Dawisson Belém Lopes.
 
Esse quadro tende a se agravar com a proximidade do inverno, diz: “As famílias não têm como pagar as contas projetadas com a despesa de gás, o aumento dos preços internacionais da energia, pela corte do gás russo”.



Futuro incerto

A instabilidade econômica e social é também potencializada pela desconfiança em relação à nova primeira-ministra do Reino Unido, diz Dawisson Belém.

 “Foi um arranjo dentro do Partido Conservador, que inclusive começa a perder força. Se fosse chamada eleição hoje, os trabalhistas voltariam ao poder”, sustenta.
 
É assim que Charles III assumirá a chefia do Estado em meio a esse cenário de incertezas políticas, econômicas, recessão e de pressões orçamentárias sobre os compromissos assumidos pelo Reino Unido com o armamento à Ucrânia.

“Em meio a esse turbilhão parte a respeitada rainha Elizabeth II. É um momento sensível. O Reino Unido foi pego num momento duro”, acrescenta.

 


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