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Estado de Minas LONDRES

Corrida pela sucessão de Boris Johnson sob a sombra de Margaret Thatcher


02/09/2022 11:08

A ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, morta há quase 10 anos e expulsa do poder há 30, está onipresente na corrida por Downing Street, o que reflete a admiração pela "Dama de Ferro" que perdura no Partido Conservador britânico.

Entre Liz Truss e Rishi Sunak, paira a dúvida de quem sucederá Boris Johnson na próxima semana, a chefe da diplomacia ou ex-ministro da Fazenda.

Durante a campanha interna de formação governamental, a questão costumava a se reduzir a quem é mais fiel ao legado ultraliberal que dirigiu o país entre 1979 e 1990.

Uma figura que dividia opiniões, Thatcher tornou-se um ícone entre os conservadores por esmagar os sindicatos para aplicar suas políticas liberais, ganhar a guerra das Malvinas em 1982 e vencer três eleições gerais.

Uma pesquisa do YouGov realizada em 2019 entre os membros do Partido Conservador a situou como a segunda líder mais respeitada, com 93% de apoio, atrás apenas de Winston Churchill e bem à frente de todos os outros.

Entre os filiados, 56% se descreveram como "thatcheristas", mais que qualquer outra classificação.

Na opinião do cientista político Tim Bale, da Universidade Queen Mary de Londres, a recente evolução do Partido Conservador, cada vez mais "antieuropeu", reforça a aura da "Dama de Ferro" que enfrentou Bruxelas e exigiu que "devolvessem seu dinheiro" em 1979.

- Nostalgia -

"Também há muita nostalgia pela forma que ela mudou o país: derrubou os sindicatos, baixou os impostos dos ricos, promoveu o acesso à propriedade", resumiu o especialista. "É inevitável que (os conservadores) a vejam como um símbolo de uma época de ouro", considera Bale.

O ponto de vista torna-se verdadeiro devido a falta de entusiasmo pelos dois candidatos e a dificuldade em propor uma nova visão, em contraste com a modernização prometida por David Cameron ou as promessas de Boris Johnson para efetuar o Brexit.

Já John Curtice, também cientista político na Universidade de Strathclyde, destaca que a situação econômica é "muito parecida com a enfrentada por Thatcher em 1979: inflação muito alta e conflitos sociais" que preveem greves sem precedentes por décadas.

Favorita para se tornar a terceira mulher a chefiar o governo britânico, Truss foi imediatamente comparada a Thatcher, a quem se declara ser uma grande admiradora.

- "Chapka" e tanque -

As comparações foram alimentadas pelo posicionamento de Truss à direita, defendendo o livre comércio, a redução de impostos, a limitação ao direito de greve.

Algumas imagens também recordaram Thatcher, como quando posou com uma "chapka", gorro de pele russo, durante uma visita à Moscou ou em sua foto em cima da torre de tiro de um tanque na Estônia.

"Qualquer mulher na política é comparada com Theresa May ou Margaret Thatcher, pois não houveram tantas mulheres quanto há homens no poder", relativizou a própria Truss, enquanto elogiava as qualidades da ex-primeira-ministra que morreu em 2013.

Em um esforço para reformular sua imagem de moderado, criticada pela base do partido, Sunak visitou no final de julho Grantham, a cidade natal de Thatcher no leste da Inglaterra.

Ele escreveu no conservador Daily Telegraph, onde se classificou como um "thatcherista" e prometeu implementar "radicais reformas thatcheristas que desbloquearão o crescimento".

Os aliados do ex-ministro da Fazenda, assim como antigos ministros da falecida governante, intervieram durante a campanha para apresentar seu programa. Eles pretendem reduzir a inflação antes de qualquer corte de impostos, na tentativa de fidelizar a mesmo conservadorismo fiscal de Thatcher em seu planejamento.

Os apoiadores lembraram o aumento de imposto quando Thatcher chegou ao poder, e denunciaram os prometidos grandes cortes de impostos por Truss como perigosos para as finanças públicas.

Thatcher "estava disposta a dizer o que as pessoas não queriam ouvir", confirma Sunak à BBC. "É o que já mantenho, não quero fazer promessas que não posso cumprir", defendeu ele.


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