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Estado de Minas BAGDÁ

Ao menos 15 mortos no Iraque após anúncio de aposentadoria política de líder xiita Sadr


29/08/2022 19:07

Pelo menos 15 manifestantes morreram nesta segunda-feira (29) em Bagdá, capital do Iraque, depois que o líder xiita Moqtada Sadr anunciou inesperadamente sua "aposentadoria definitiva" da política no país, agora sob toque de recolher.

Além disso, sete obuses caíram na noite desta segunda na Zona Verde, que abriga ministérios e embaixadas, segundo uma fonte da segurança, que não forneceu detalhes sobre possíveis vítimas ou qual grupo ou facção foi responsável pelos disparos.

Pouco depois, tiros foram ouvidos neste bairro do centro da capital, sob toque de recolher assim como todo o país.

O Iraque está imerso em uma crise política desde as eleições legislativas de outubro de 2021.

A situação se agravou nesta segunda na capital onde, após o anúncio de Sadr, um dos principais atores da política iraquiana, centenas de sadristas invadiram o Palácio da República, sede do conselho de ministros.

Mais cedo, dentro do Palácio da República, os manifestantes ocuparam escritórios, sentando em sofás e tirando selfies, enquanto as forças de segurança tentavam dispersar outros com gás lacrimogêneo nos acessos à Zona Verde, indicou à AFP uma fonte da segurança.

Quinze partidários de Sadr morreram baleados e outros 350 ficaram feridos, de acordo com fontes médicas. Alguns dos feridos receberam disparos e outros inalaram gás lacrimogêneo.

Várias testemunhas falaram à AFP sobre tiroteios, nas entradas da Zona Verde, entre os sadristas e os apoiadores do Quadro de Coordenação, grupo político pró-iraniano contrário a Sadr.

O exército declarou um toque de recolher nacional que entrou em vigor às 16h GMT (13h de Brasília) e as forças de segurança cercaram a capital.

Em Washington, a Casa Branca considerou a situação "preocupante" e pediu calma e diálogo, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "contenção" e que todas as partes "tomem medidas imediatas para a desescalada da situação", segundo um comunicado divulgado por seu porta-voz.

- Ruas vazias -

A missão da ONU no Iraque, também sediada na Zona Verde, pediu aos manifestantes "contenção máxima".

À noite, o toque de recolher parecia ser respeitado em Bagdá. As ruas, normalmente movimentadas, estavam vazias, sem ônibus ou transeuntes.

Mas o caos se estendeu a outras regiões iraquianas: na província de Zi Qar, os sadristas invadiram a sede do governo e entraram em outros prédios oficiais em Nasiriya.

A sede do governo central da Babilônia, na cidade de Hilla, também foi ocupado por partidários de Sadr, disseram testemunhas à AFP. Foram ainda bloqueadas várias estradas que unem Hilla a Bagdá e outras províncias do sul.

Desde as eleições legislativas há quase um ano, o Iraque vive em um bloqueio político, que deixou o país sem novo governo, primeiro-ministro ou presidente, devido ao desacordo entre as facções para formar uma coalizão.

- "Ataque às instituições" -

Para sair da crise, Moqtada Sadr e o Quadro de Coordenação concordam que é preciso realizar eleições antecipadas. Mas Sadr insiste em primeiro dissolver o Parlamento, enquanto seus rivais querem antes nomear um governo.

O Quadro de Coordenação condenou nesta segunda-feira o "ataque às instituições de Estado", além de chamar os sadristas para o "diálogo".

Sadr - um pregador com milhões de seguidores dedicados que já liderou uma milícia contra as forças dos EUA e o governo iraquiano após a deposição do ditador Saddam Hussein - anunciou no Twitter que estava se aposentando da política.

"Decidi não me intrometer em assuntos políticos. Portanto, estou agora anunciando minha aposentadoria", disse Sadr, um veterano ator no cenário político do país devastado pela guerra, embora ele próprio nunca tenha feito parte diretamente do governo.

Ele acrescentou que "todas as instituições" ligadas ao seu movimento sadrista serão fechadas, exceto o mausoléu de seu pai, assassinado em 1999, e outras instalações patrimoniais.

Sua declaração veio dois dias depois que ele disse que "todos os partidos", incluindo o seu, deveriam renunciar ao governo para ajudar a resolver a crise política.

Seu bloco liderou as eleições do ano passado, com 73 cadeiras, mas sem maioria. Em junho, seus deputados renunciaram a seus cargos na tentativa de quebrar o impasse, o que levou um bloco xiita rival, o Quadro de Coordenação pró-Irã, a se tornar o principal órgão do Parlamento.

Sadr exigiu que o Parlamento fosse dissolvido, mas no sábado declarou que é "mais importante" que "todos os partidos e figuras que fizeram parte do processo político" desde a invasão liderada pelos EUA em 2003 "parem de participar".

"Isso inclui o movimento sadrista", declarou, acrescentando que estava disposto a assinar um acordo nesse sentido "dentro de 72 horas".

Os partidários de Sadr protestam do lado de fora do Parlamento iraquiano há semanas, tendo inicialmente invadido o prédio para pressionar por suas demandas.

Fizeram-no depois de o Quadro de Coordenação ter nomeado um candidato que consideravam inaceitável para o cargo de primeiro-ministro.

O primeiro-ministro interino, Mustafa al-Kadhemi, convocou conversas de crise com os líderes dos partidos no início deste mês, mas os sadristas as boicotaram.

Os iraquianos dizem que as disputas políticas internas não têm nada a ver com suas lutas diárias.

O Iraque vive décadas de conflito e corrupção endêmica. Rico em petróleo, mas com infraestrutura em deterioração, desemprego, cortes de energia e serviços públicos em colapso, o país agora também sofre com a grave escassez de água causada por uma seca que causou estragos em grandes partes do país.


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