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Estado de Minas TRÍPOLI

Líderes rivais trocam acusações após confrontos sangrentos na Líbia


28/08/2022 19:09

Os dois primeiros-ministros rivais negaram neste domingo responsabilidade pelos confrontos entre grupos armados ocorridos na capital da Líbia, que deixaram 32 mortos e mais de 150 feridos.

A maioria do comércio retomou as atividades e os voos que haviam sido suspensos no aeroporto de Mitiga - o único de Trípoli - foram retomados. As escolas anunciaram que os exames que estavam previstos para este domingo acontecerão amanhã.

Os danos causados pelos combates, no entanto, são visíveis por toda a cidade, como muros de prédios apresentando marcas de tiros e dezenas de carros incendiados. Seis hospitais foram atingidos pelos ataques.

Ao menos 32 pessoas morreram e 159 ficaram feridas nos confrontos em vários bairros da cidade, segundo um balanço atualizado pelo ministério da Saúde e divulgado neste domingo.

"Foguetes, mísseis voavam acima de nossas cabeças, entre os prédios residenciais", contou à AFP Mohamad Abaya, 38, morador de um bairro que registrou combates. "Estávamos verdadeiramente aterrorizados", descreveu o aposentado Lotfi Ben Rajab. "Os combates foram extremamente violentos. Um foguete caiu na sala do meu vizinho, mas, graças a Deus, não explodiu."

- Tentativa fracassada? -

Os confrontos fazem temer um conflito em larga escala no país do norte da África, devastado por anos de violência e onde dois governos disputam o poder desde março.

Um dos governos tem sede em Trípoli (oeste) e é comandado por Abdelhamid Dbeibah desde 2021, resultado de um processo de paz liderado pela ONU após um ciclo de violência. O outro é liderado pelo ex-ministro do Interior Fathi Bachagha e está radicado em Sirte (centro do país), com o apoio do marechal Khalifa Haftar, considerado o homem forte do leste.

Os combates terminaram neste sábado, com o fracasso da tentativa de Bachagha de derrubar o governo de seu rival, segundo a imprensa local e analistas. Grupos armados considerados neutros na disputa política, como Force al-Radaa, alinharam-se ao movimento de Dbeibah e tiveram um papel decisivo no fim dos confrontos.

Em discurso publicado na página do governo no Facebook, Dbeibah acusou os rivais de responderem a "agendas estrangeiras", chamando-os de "criminosos" e "golpistas" e denunciando que eles haviam "travado a guerra na capital com tanques e armas pesadas". "Iremos processar todos os envolvidos" na violência, ameaçou, prometendo transferir alguns quartéis-generais de grupos armados.

Já Bachagha, que lidera um Executivo com sede em Sirte, a cerca de 500 km de Trípoli, acusou Dbeibah, "sua família governante e seus grupos armados" de serem "os responsáveis pelo sangue derramado devido à sua obsessão pelo dinheiro e poder".

Segundo a imprensa e analistas locais, os confrontos foram uma tentativa de Bachagha de remover o governo Dbeibah de Trípoli. Em maio, ele já havia tentado tomar a capital.

Em carta divulgada pela imprensa local, o procurador-geral da Líbia pediu à Direção de Passaportes que proibisse Bachagha, vários de seus ministros e seu principal aliado e ex-chefe da inteligência militar, Usama Juili, de viajar.

A Força de Operações Conjuntas, poderosa milícia pró-Dbeibah, afirmou que prendeu vários envolvidos na tentativa de golpe da última sexta-feira.

- Chamado ao diálogo -

A ONU pediu neste domingo "às partes líbias que iniciem um diálogo verdadeiro para solucionar a estagnação política atual e não utilizem a força para resolver suas divergências".

As tensões entre grupos armados leais aos dois governos aumentaram nos últimos meses em Trípoli.

A Líbia está em crise há mais de uma década, com vários episódios de conflito armado após a queda do ditador Muamar Khadafi em uma revolta apoiada pela Otan em 2011. Desde então, o país teve diversos governos e não conseguiu organizar eleições presidenciais devido às grandes divergências.

Esta foi a segunda tentativa de Bachagha de derrubar o rival, após uma operação frustrada em maio. A escalada de violência não tem precedentes desde junho de 2020, quando o marechal Haftar tentou, sem sucesso, conquistar militarmente a capital.

O governo provisório em Trípoli foi resultado no início de 2021 de um processo mediado pela ONU, com o objetivo de organizar eleições.

O Parlamento com sede no leste considera que o mandato de Dbeibah acabou e designou em fevereiro Bachagha como primeiro-ministro. Dbeibah, por sua vez, garante que só entregará o poder a um governo eleito.

A segurança no país é problemática, em particular na capital, onde atuam milícias influentes.


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