Brahim Ghali, líder da Polisário, foi recebido ontem pelo presidente tunisiano, Kais Saied. Rabat reagiu imediatamente, anunciando uma chamada para consultas de seu embaixador na Tunísia, e cancelou sua participação na reunião de cúpula entre Japão e África, que acontece neste fim de semana em território tunisiano.
Ghali é o presidente da autoproclamada República Árabe Saaraui Democrática (RASD), que reivindica a independência do Saara Ocidental, 80% controlado pelo Marrocos.
A questão do Saara Ocidental, ex-colônia espanhola considerada pela ONU um "território não autônomo", confronta o Marrocos há décadas com a Polisário, apoiada pela Argélia. A Tunísia afirmou hoje que manteve "neutralidade total na questão do Saaara Ocidental no que diz respeito à legitimidade internacional", e que a visita de Ghali foi fruto de um "convite direto" feito pelo presidente da Comissão Africana, e não de uma decisão unilateral, como afirmou o Marrocos.
Em um novo comunicado, Rabat afirmou que a resposta da Tunísia estava repleta de "aproximações e falsidades", que aprofundavam "as ambiguidades que envolvem a posição tunisiana" sobre o Saara Ocidental.
Segundo fontes diplomáticas, o presidente de Guiné-Bissau e atual presidente da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (Cedeao), Umaro Sissoco Embalo, abandonou a reunião de cúpula, em protesto contra a participação da Frente Polisário.
O presidente senegalês, Macky Sall, que ocupa também a presidência da União Africana, lamentou no discurso de abertura da reunião a ausência do Marrocos "por falta de consenso em uma questão de representação".
TÚNIS