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Estado de Minas NONGOMA

Multidão celebra a coroação do rei zulu na África do Sul


20/08/2022 16:01

Uma imensa multidão visitou neste sábado (20) as terras reais do país zulu para a coroação do rei do "povo do céu", a soberania tradicional mais poderosa da África do Sul, em meio a uma disputa sobre sua legitimidade.

Neste país com onze línguas oficiais, os soberanos e líderes tradicionais são reconhecidos pela Constituição. Reis sem poder executivo exercem uma profunda autoridade moral e são venerados por seu povo.

Misuzulu Zulu, de 47 anos, também chamado Misuzulu kaZwelithini, cujo nome significa "fortalecer o povo zulu", sucede seu pai, Goodwill Zwelithini, que morreu no ano passado após 50 anos de reinado. Ele tem duas esposas e pelo menos quatro filhos.

Pela manhã, tropas de guerreiros "amaButho" chegaram ao palácio de mármore de KwaKhangelamankengane, em Nongoma, pequena cidade da província de KwaZulu-Natal localizada no sudeste do país, formando uma impressionante coluna repleta de azagaias (tipo de lança) e escudos forrados com peles.

"É um grande dia, estamos fazendo história", declarou à AFP Bongani Khumalo, de 80 anos, que faz parte dos regimentos de guerreiros encarregados da proteção do rei.

Sob um sol escaldante, eles dançaram e encenaram a guerra durante horas, esperando para ver o rei. Onze milhões de zulus vivem na África do Sul, aproximadamente um a cada cinco habitantes, sendo o maior grupo étnico do país.

As celebrações também contaram com a presença de mulheres, vestidas com trajes tradicionais e usando saias plissadas com cintos de pérolas. Já outras vestiam roupas estampadas com a efígie do rei e a inscrição "Bayede" ("Salve o rei", na língua zulu).

- Povo lendário -

Várias jovens dançavam com os seios descobertos, revezando-se no centro de um círculo de pessoas ao ritmo de cantos comemorativos, erguendo as pernas para o alto e batendo os pés no chão empoeirado.

No meio da multidão, os poetas do rei recitavam a lenda do povo guerreiro e as qualidades do novo soberano.

A tradicional coroação aconteceu durante a noite passada em sigilo absoluto. Após a meia-noite, o rei entrou no "curral de gado", uma espécie de templo da nação zulu em que uma quantidade restrita de homens se comunicam com os ancestrais. Apenas algumas poucas pessoas sabem o que aconteceu ali.

"Hoje o rei será reconhecido por toda a Nação zulu", disse à AFP sua irmã, a princesa Ntandoyesizwe Zulu, de 46 anos. Ela tentou ignorar a disputa que envenena o palácio há mais de um ano.

A primeira esposa do falecido rei e seu clã questionaram a legitimidade de Misuzulu Zulu, filho da terceira esposa do rei, sua favorita. Eles apresentaram no sábado (20) um recurso de última hora para tentar impedir a coroação, em vão.

De repente, em meio ao ruído, ele finalmente apareceu: vestido com um espetacular traje de penas pretas com um cinto, portando uma lança e um escudo, Misuzulu Zulu se uniu aos guerreiros.

Cantando em voz baixa, eles juraram lealdade e proteção ao rei.

"Temos nosso rei!", disparou Sinenhlanhla Msweli, de 29 anos, em meio à multidão.

Mais tarde, o monarca declarou ao seu povo: "A nação zulu começa hoje um novo capítulo. Prometo trabalhar para uni-la".

Nos próximos meses, o presidente Cyril Ramaphosa selará o caso da coroação, reconhecendo formalmente o novo rei zulu, que além do trono, herda também uma fortuna considerável.

O rei zulu possui várias terras dirigidas por um fundo no qual ele é o único administrador. Em sua posse tem uma área de cerca de 30.000 quilômetros quadrados, semelhante ao tamanho da Bélgica, e quase 1.500 propriedades.

Conhecido por seu luxuoso estilo de vida, seu pai recebia cerca de US$ 75.000 anuais para suas despesas pessoais, além de um orçamento de 4,2 milhões de dólares para o funcionamento do reino, segundo uma planilha publicada no diário oficial.


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