Os mísseis atingiram um edifício de apartamentos e um centro recreativo de Bilhorod-Dnistrovsky, cerca de 80 quilômetros ao sul de Odessa.
O balanço de mortos "subiu para 21", incluindo um menino de 12 anos, disse Sergei Brachuk, subchefe do distrito de Odessa, que previamente havia informado sobre 19 mortes.
O serviço de emergência detalhou que 16 pessoas morreram no edifício e cinco no centro recreativo e que ambos os ataques deixaram ao menos 39 feridos.
Brachuk indicou que a incursão foi levada a cabo por dois aviões procedentes do Mar Negro, que dispararam mísseis "muito pesados e muito potentes".
"Trata-se de um ataque seletivo e deliberado da Rússia [...], um ato de terror russo contra nossas cidades e nossos vilarejos, contra a nossa população, adultos e crianças", denunciou Zelensky.
A Alemanha tachou de "desumanos" os ataques, que ocorreram horas depois que os chefes de Estado e de governo da Otan reafirmaram em Madri seu apoio à Ucrânia.
"Isso nos mostra, uma vez mais, de forma cruel, que o agressor russo aceita deliberadamente a morte de civis", declarou o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit.
- 'Bombas de fósforo' -
O Mar Negro foi palco de duras batalhas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Na quinta-feira, as forças russas se retiraram da Ilha das Serpentes, um ponto estratégico por sua proximidade com as rotas marítimas que levam a Odessa.
O governo russo apresentou a saída como um "gesto de boa vontade" com o qual pretendia mostrar sua vontade não interfere nos esforços da ONU para facilitar a exportação de grãos ucranianos.
Mas, segundo o exército ucraniano, os russos atacaram nesta sexta-feira a ilha com bombas de fósforo, armas incendiárias cujo uso está internacionalmente proibido contra alvos civis, mas não militares.
Segundo o exército ucraniano, estes bombardeios mostram que a Rússia "não respeita suas próprias declarações".
As tropas russas a haviam ocupado a Ilha das Serpentes nos primeiros dias da guerra e sua saída, segundo Zelensky, "modifica consideravelmente a situação no Mar Negro".
Em tempos de paz, a Ucrânia era um importante exportador de produtos agrícolas, mas a invasão russa danificou campos de cultivo e seus portos foram tomados, destruídos ou bloqueados.
Essa situação, junto das sanções ocidentais contra a Rússia, provocaram uma escalada de preços dos alimentos e da energia em todo o mundo.
- Reformas anticorrupção -
Zelensky comemorou um "novo" capítulo da "história", depois que a Ucrânia foi admitida como candidata para entrar na União Europeia (UE).
"Nosso caminho para a adesão não deveria durar décadas. Deveríamos percorrer este caminho rapidamente", declarou o presidente diante do parlamento ucraniano.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a adesão estava "ao alcance", mas instou a Ucrânia a seguir adiante com as reformas anticorrupção.
Zelensky reivindica mais armas e ajuda ocidentais.
A Noruega, que não é membro da UE, anunciou que doará 1 bilhão de dólares a Kiev, escalonados em dois anos, para "ajuda humanitária, reconstrução do país, armamento e apoio ao funcionamento das instituições ucranianas".
Durante a cúpula da Otan desta semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um novo pacote de ajuda militar de 800 milhões de dólares.
- 'Bombas caem dia e noite' -
Os bombardeios russos continuam em todo o país e um funcionário da ONU indicou na quinta-feira que 16 milhões de ucranianos enfrentam necessidades de ajuda humanitária.
Quatro pessoas morreram e três ficam feridas em bombardeios em dois distritos do nordeste nas últimas 24 horas, disse no Telegram o chefe do distrito de Kharkiv, Oleh Synyehubov.
Em Mykolaiv (sul), os socorristas encontraram os corpos de sete civis entre os escombros de um edifício destruído.
E Lysychansk, no leste, vive um bombardeio constante.
"Não temos eletricidade nem gás há três meses", disse Liudmila, uma moradora local. "As bombas caem dia e noite", acrescentou.
A situação nesta cidade, a última grande cidade que a Rússia tenta tomar na região de Luhansk, é "extremamente difícil" e impossibilita a evacuações dos civis, disse nesta quinta-feira o governador regional, Serhiy Haiday.
SERGIYVKA