As pesquisas desta semana previam um resultado apertado entre Robert Golob, ex-executivo de 55 anos de uma empresa do setor de energia solar, e o atual primeiro-ministro, mas nenhuma estimativa apontava uma vantagem como a divulgada neste domingo.
O Movimento para a Liberdade (GS) teria angariado 35,8% dos votos, bem à frente dos 22,5% obtidos pelo Partido Democrático da Eslovênia (SDS) do primeiro-ministro Janez Jansa, de 63 anos, segundo os resultados de pesquisas de boca de urna fornecidos pela rede privada Pop TV.
"É uma surpresa", reagiu à imprensa a vice-presidente do GS, Urska Klakocar Zupancic, elogiando a vitória "da democracia".
Por outro lado, o ministro do Interior, Ales Hojs, afirmou que preferia esperar pelo anúncio "oficial dos resultados".
Janez Jansa, usando gravata amarela e azul - cores da bandeira ucraniana - votou em seu vilarejo de Arnace (nordeste), logo após a abertura das urnas, às 7h00 (02h00 no horário de Brasília).
O polêmico líder foi criticado tanto nas ruas de seu país quanto na União Europeia, acusado de copiar o estilo autoritário do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
- Choque de visões -
Jansa, que voltou ao poder em março de 2020, é acusado de repetidas violações do Estado de direito pela Comissão Europeia, que ele descreve como "burocratas pagos em excesso".
Durante esses dois anos, seu governo "realizou repetidos ataques contra o Estado de direito e as instituições democráticas", observou a influente ONG americana Freedom House em seu relatório anual publicado esta semana, citando "ataques" contra o judiciário e os meios de comunicação.
Admirador declarado do ex-presidente dos EUA Donald Trump e aliado do ultraconservador Orban, Jansa privou a agência nacional de notícias STA de fundos públicos por meses, considerando-a muito crítica.
Falando à AFP, Uros Esih, comentarista político do jornal Delo, disse que vê as eleições como "uma batalha entre forças liberais e não liberais" e teme que uma vitória de Jansa aproxime a Eslovênia da Hungria, onde Orban, reeleito no início de abril, amordaçou as instituições.
A Eslovênia, "uma vez considerada um modelo no Leste Europeu", tem visto "as liberdades cada vez mais cerceadas", segundo o analista Valdo Miheljak.
Se eleito, Golob promete um retorno à "normalidade".
Em meados de março, Jansa, que é profundamente antirusso, viajou para Kiev com seus colegas da Polônia e da República Tcheca, na primeira visita de dignitários estrangeiros à capital ucraniana sitiada.
Mas a questão da guerra na Ucrânia foi rapidamente relegada a segundo plano e, para convencer, a mídia governista favoreceu o argumento da continuidade.
"Em dois anos fizemos muito. Imagine o que poderíamos fazer em quatro anos", disse o primeiro-ministro, gabando-se do forte crescimento econômico, apesar da pandemia, e do baixo desemprego.
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