"A polêmica McKinsey perturba o candidato Macron", foi manchete nesta sexta-feira (1°) do jornal Le Parisien. O diário Liberátion coloca uma imagem do presidente cabisbaixo em sua capa... O caso ganha força, apesar dos esforços para minimizá-lo.
E tudo isso acontece em um momento no qual sua rival de extrema-direita, Marine Le Pen, cresce nas pesquisas a ponto de ameaçar uma vitória do dirigente liberal, até agora o grande favorito, no segundo turno de 24 de abril.
A polêmica surgiu no meio de março. Um informe do Senado revelou um forte aumento do uso de consultorias externas por parte do governo a partir de 2018, um ano depois da chegada de Macron ao poder com uma agenda reformista e liberal.
Segundo o relatório, o gastos com esses escritórios de assessoria por parte dos diferentes Ministérios passou de 379,1 milhões de euros em 2018 (417,8 milhões de dólares) a 893,9 milhões de euros (987,9 milhões de dólares) em 2021.
"Quando se quer ir muito rápido e muito forte em uma política, às vezes, é necessário recorrer a fornecedores de serviços externos ao Estado", defendeu, na segunda-feira (28), Macron durante uma visita à Dijon, mas sem conseguir atacar a controvérsia.
Três dias depois, dois dos seus Ministros tiveram que dar explicações em uma coletiva de imprensa. "Nenhuma consultoria decidiu reformas", destacou o responsável pela pasta de Orçamento, Olivier Dussopt, que denunciou um uso partidário do documento.
A McKinsey também está sendo acusada de não pagar o imposto para empresas entre 2011 e 2020 na França. Segundo Dussopt, essa companhia representa 5% dos gastos de assessoria em estratégia do Estado e o governo representa 5% do faturamento da empresa.
Aliados do presidente temem que a controvérsia ressuscite, na retal da campanha, sua imagem de "presidente dos ricos", que já causou os protestos sociais dos "jaquetas amarelas" na primeira metade do mandato do ex-banqueiro.
- "Mobilização geral" -
O momento não é propício. Como antes, o aumento dos preços da energia reforça o medo dos franceses sobre uma possível perda de poder aquisitivo. E Macron prometeu recuperar sua impopular medida de atrasar a idade de aposentadoria para 65 anos, se reeleito.
Uma informação do site Off Investigation sobre o patrimônio de Macron afirma que os gerentes-associados do banco de investimentos Rothschild & Co., para quem o liberal trabalhou no passado, recebem parte de seus salários em paraísos fiscais.
A empresa desmentiu "formalmente" a informação baseada na declaração de uma "personalidade" apresentada como uma "pessoa próxima" ao banco de investimentos e que pediu anonimato. "Não há fraudes, nem fatos, nem provas", reagiu a campanha de Macron.
Seus rivais mantêm vivo o caso McKinsey, como um símbolo da conveniência do presidente com o mundo dos negócios. "É revelador a disposição de Emmanuel Macron" que trabalha com seus "amigos", disse o ultra-direitista Éric Zemmour nessa sexta (1º).
A reta final da campanha de primeiro-turno está marcada também pelo avanço de Marine Le Pen, que, segundo os observadores, moderou seu discurso, mas não o seu programa de governo em relação a 2017 e se apresenta como a defensora do maior poder aquisitivo.
"É claro que Marine Le Pen pode ganhar", assegurou nesta sexta (1º), o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe. Para esse aliado de Macron, a "agressividade" de Zemmour parece moderar a ultra-direitista, mesmo que seu programa seja "muito perigoso".
Emmanuel Macron vai tentar, no sábado (02), dar um novo impulso à sua candidatura com um grande comício, o único da campanha no primeiro-turno, em Nanterre, um bairro de negócios a oeste de Paris, depois de chamar os seus militantes para uma "mobilização geral".
PARIS