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Estado de Minas WASHINGTON

Suprema Corte dos EUA toma decisão contra preso de Guantánamo invocando segredo de Estado


03/03/2022 16:39

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira (3) a favor do governo, que invocou segredo de Estado para proteger informação amplamente conhecida sobre as torturas de detentos em prisões secretas da CIA após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Uma maioria da mais alta corte rejeitou a solicitação de Abu Zubeida, um palestino nascido na Arábia Saudita e detido em 2002 no Paquistão, suspeito de pertencer à rede Al Qaeda, que queria que dois contratados da CIA depusessem perante uma corte na Polônia, onde diz ter sido torturado.

Zubeida, cujo nome de registro é Zain Al Abidin Mohamed Husain, apresentou uma ação penal em 2010 na Polônia, onde diz ter ficado recluso em uma prisão clandestina da CIA em 2002 e 2003. Desde 2006, permanece na base americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, e ainda não foi julgado.

A existência de uma prisão secreta da Agência Central de Inteligência americana (CIA) no país europeu já foi documentada, e a Polônia inclusive foi condenada pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) por abrigá-la. Mas nem Washington, nem Varsóvia a confirmaram.

"Nossa sentença não se relaciona com as acusações de terrorismo contra Abu Zubeida", "nem com o tratamento por parte dos Estados Unidos", destaca a Suprema Corte em sua decisão.

"Obviamente, a Corte não apoia nem o terrorismo, nem a tortura, mas neste caso temos que responder uma pergunta limitada (...): a existência (ou não existência) de uma prisão da CIA na Polônia constitui um segredo de Estado?".

E, continua, "estamos de acordo com o governo em que às vezes a informação que passou a domínio público ainda pode ser protegida".

Segundo a Corte, "confirmar publicamente a existência de uma instalação da CIA no país A pode dissuadir os serviços de Inteligência dos países A, B, C, D, etc... de cooperarem com nossos serviços no futuro".

Dois juízes do alto tribunal, o conservador Neil Gorsuch e a progressista Sonia Sotomayor, marcaram seu desacordo em um documento à parte.

A decisão "chega em um momento em que nós, juízes, não devemos ignorar o que sabemos que é verdade como cidadãos", destacaram.

E acrescentaram - "este caso nos leva muito além: Zubeida está pedindo informação sobre as torturas que sofreu nas mãos da CIA. Estes fatos ocorreram há quase duas décadas e há tempo seu sigilo foi suspenso".

"Acabar com esta demanda pode proteger o governo de alguma modesta vergonha adicional", advertem. "Mas, respeitosamente, não devemos pretender que vá salvaguardar nenhum segredo".

Zubaida, o primeiro suposto membro da Al Qaeda detido após os atentados de 11 de setembro de 2001, foi submetido a 83 simulações de afogamento e sofreu outros abusos físicos, segundo um relatório do Senado americano.

Este relatório indica que a CIA admitiu que ele nunca foi membro da Al Qaeda e não esteve envolvido no planejamento dos atentados de 11 de setembro.


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