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Estado de Minas Crise internacional

Putin autoriza invasão de tropas na Ucrânia

Líder russo ordenou ação militar e ameaçou as nações que tentarem interferir na operação iniciada ontem. Biden acusa Rússia de 'ataque injustificado' e mortes


24/02/2022 04:00 - atualizado 24/02/2022 01:47

Presidente russo disse ontem que tomou a decisão 'por uma operação militar' na região dominada pelos separatistas
Presidente russo disse ontem que tomou a decisão 'por uma operação militar' na região dominada pelos separatistas (foto: Alexander Nemenov/AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na madrugada de hoje uma operação militar na Ucrânia para defender os separatistas no leste do país. “Tomei a decisão por uma operação militar”, declarou Putin em uma mensagem televisionada inesperada pouco antes das 03:00 GMT (meia-noite de Brasília), denunciando um suposto “genocídio” orquestrado pela Ucrânia no Leste do país. A movimentação das tropas russas teve início às 5h da manhã na Ucrânia. Pelo menos duas fortes explosões foram ouvidas por jornalistas da AFP no centro de Kiev logo após o anúncio do presidente russo de uma operação militar contra a Ucrânia. Na cidade portuária de Mariupol, a principal cidade controlada por Kiev perto da linha de frente no Leste do país, também foram ouvidas fortes explosões.

O mandatário russo, que justificou sua decisão por um pedido de ajuda dos separatistas pró-russos e pela política agressiva da Otan com Moscou, também pediu que os militares ucranianos "deponham as armas". Putin garantiu não querer a "ocupação" da Ucrânia, mas sim sua “desmilitarização”. O presidente russo também alertou que aqueles que “tentem interferir (na operação russa na Ucrânia) devem saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências que nunca conheceram”. “Tenho certeza de que os soldados e oficiais da Rússia cumprirão seu dever com coragem (...) A segurança do país está garantida”, concluiu. Putin não especificou a magnitude da operação militar, nem se seria limitada ao leste rebelde da Ucrânia ou além.

O presidente dos Estados Unidos denunciou ontem o “ataque injustificado” da Rússia contra a Ucrânia, depois que seu colega russo, Vladimir Putin, anunciou uma “operação militar” em defesa dos separatistas no leste daquele país. “O presidente Putin escolheu (iniciar) uma guerra premeditada que causará perdas e sofrimento humanos catastróficos", disse Joe Biden em comunicado. A Rússia "é responsável pela morte e destruição que este ataque causará", insistiu. Mais cedo, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, previu que a Rússia poderia invadir a Ucrânia antes do fim da noite". “Tudo parece estar pronto para a Rússia se envolver em uma grande agressão contra a Ucrânia”, disse Blinken.

Emergência 


A Ucrânia declarou ontem estado de exceção e mobilizou os reservistas para o risco de o presidente russo, Vladimir Putin, que desafia as sanções ocidentais, ordenar uma invasão ao país. A declaração foi apresentada pelo Conselho de Segurança da Ucrânia, para “reforçar a proteção” da ordem pública e as infraestruturas estratégicas e a proposta foi encaminhada ao Parlamento pelo presidente Volodimir Zelenski, sendo votada horas depois de a Rússia iniciar a evacuação de seu pessoal diplomático em Kiev e de os Estados Unidos alertarem para o risco de uma ofensiva geral da Rússia contra a ex-república soviética. “A situação é difícil, mas permanece sob nosso controle”, assegurou antes de votar o secretário ucraniano de Segurança e Defesa, Oleksiy Danilov.

O estado de emergência permitirá às autoridades regionais reforçarem as medidas de segurança, impondo por exemplo controles de identidade mais estritos. Vigorará em todo o território, com exceção das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no Leste, reconhecidas na segunda-feira como repúblicas independentes pelo presidente russo, Vladimir Putin. Nesse contexto de tensão, o vice-primeiro-ministro ucraniano, Mykailo Fyodorov, informou que o país estava sofrendo um novo ataque cibernético em massa contra seus sites oficiais. Um ataque cibernético em larga escala contra a infraestrutura estratégica da Ucrânia é um dos cenários mencionados como prenúncio de uma ofensiva militar.

Apelo 

Num discurso emotivo divulgado em vídeo e dirigido aos cidadãos russos, Volodymyr Zelensky afirmou ontem que a Rússia aprovou uma ofensiva contra o seu país. “Quero me dirigir a todos os cidadãos russos. Não como presidente. Dirijo-me aos cidadãos russos como cidadão da Ucrânia”, disse Zelensky, falando em russo. “Existem mais de 2000 km de fronteira comum entre nós. Seu exército está ao longo dessa fronteira agora. Quase 200 mil soldados. Milhares de veículos militares. Sua liderança aprovou que eles dessem um passo adiante, para o território de outro país”, afirmou.

Zelensky disse ainda que tentou ligar para o presidente Vladimir Putin no início do dia, mas não foi atendido. “Comecei uma conversa por telefone com o presidente da Federação Russa. Resultado: silêncio”, afirmou Zelensky. O ucraniano rechaçou as acusações de que os ucranianos são neonazistas, como são chamados pelo governo Putin. “Estão dizendo a vocês que somos nazistas. Como pode uma nação que deu 8 milhões de vidas para combater o nazismo apoiá-lo? Como posso ser nazista? Conte ao meu avô sobre isso”, disse Zelensky. "Ele esteve, durante toda a guerra, na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente."

“Estão dizendo a vocês que odiamos a cultura russa? Como alguém pode odiar a cultura? Alguma cultura? Os vizinhos sempre se enriquecem culturalmente, mas isso não os torna um, não nos dissolve em vocês”, disse o presidente ucraniano. "Nós somos diferentes. Mas não é motivo para sermos inimigos." Horas antes, Volodimir Zelensky afirmou que “o futuro da segurança europeia” será decidido na Ucrânia

A Ucrânia ordenou a mobilização de reservistas de 18 a 60 anos e pediu aos cidadãos ucranianos na Rússia – cerca de três milhões de pessoas, segundo algumas estimativas – para saírem desse país "imediatamente". Em Kiev, capital da Ucrânia, os habitantes não abandonaram sua rotina. Mas desde a terça-feira, de hora em hora, os alto-falantes tocam o hino nacional ucraniano na enorme praça Maidan. A população continua especulando sobre possíveis cenários, desde um novo status quo nos territórios separatistas até uma guerra total entre russos e ucranianos. Muitos temem que a crise possa culminar no pior conflito na Europa desde 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.



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