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Estado de Minas HONG KONG

Em Hong Kong, a angústia dos pais separados dos filhos positivos para covid-19


23/02/2022 09:28

Os pais de Hong Kong estão sendo separados de seus filhos e bebês testados positivos para covid-19, uma situação que está aumentando a irritação do público e pode agravar a epidemia, segundo alguns especialistas.

Laura, uma residente permanente de 32 anos nascida no Reino Unido, disse à AFP que sua filha Ava, de 11 meses, testou positivo, depois de ser internada no hospital no domingo com febre e problemas respiratórios.

Ava agora se encontra em um quadro estável na unidade de terapia intensiva e, em breve, será transferida para uma unidade de isolamento. Ela terá de se recuperar sem seu pais por pelo menos sete dias.

"Eu disse que dormiria no corredor, no chão, em qualquer lugar", contou a mãe, segurando as lágrimas.

Laura e seu marido, Nick, conseguiram fazer uma curta videochamada com Ava na terça-feira (22).

"Foi devastador", desabafou Laura, que pediu que apenas seu primeiro nome fosse usado.

"A ansiedade com a separação está no auge nessa idade. Ela estava inconsolável, só chorava, dizendo 'mamãe, mamãe'", acrescenta.

Lau Ka-hin, chefe da autoridade hospitalar local, confirmou que as crianças estão separadas de seus pais.

"Fizemos todo o possível para levar as crianças positivas para covid-19 e os pais para o mesmo hospital, para que os pais possam cuidar das crianças", disse ele à imprensa na terça-feira (22).

"Mas há muitos, muitos casos e muitas crianças infectadas. Nossa equipe demora a habilitar locais adequados para eles", explicou.

- "Não sei o que fazer" -

A metrópole está sofrendo a pior onda de covid-19 de sua história, registrando vários milhares de casos diários, enquanto hospitais e unidades de isolamento estão sobrecarregados.

A estrita política de "covid zero" conseguiu manter o vírus sob controle nos últimos dois anos, ao custo de isolar Hong Kong. Apesar desse esforços, a chegada da variante ômicron no início de 2022 pegou as autoridades de surpresa.

Diante desse quadro, a China ordenou que Hong Kong seguisse sua política de "covid zero" e isolasse os casos positivos.

Em um grupo do Facebook de 17.000 membros formado para mães que buscam tratamento para o coronavírus, muitas disseram ter filhos doentes, mas que estão com medo de procurar um hospital.

"Meu filho tem dois anos e meio e está com febre desde segunda-feira de manhã", escreveu uma pessoa chamada Shan Hor. "Não sei o que fazer. Estou com muito medo", desabafou.

As autoridades de Hong Kong enfrentam a crescente indignação da população pela falta de preparo e pelo aumento no número de casos, apesar de uma trégua de dois anos graças à política de "covid zero".

"Se uma criança precisa ser hospitalizada por causa da covid, deve ser possível que os pais fiquem no mesmo quarto, a menos que o estado da criança seja muito grave", defendeu Siddharth Sridhar, microbiologista da Universidade de Hong Kong, no Twitter.

"Em tempos como estes, é mais importante do que nunca continuar sendo racional e compassivo", acrescentou.

- 'Atraso no tratamento' -

Muitos dos jornais frequentemente pouco críticos ao governo, como o Oriental Daily, publicaram artigos esta semana condenando as lideranças da cidade, uma franqueza cada vez mais rara em Hong Kong, onde as autoridades reprimem a dissidência desde os protestos pró-democracia de 2019.

As rígidas e, muitas vezes, imprevisíveis, medidas de distanciamento social prejudicaram as empresas e afetam, em especial, as crianças, cuja escolarização foi interrompida nos últimos dois anos.

"Meu verdadeiro medo agora é que os pais adiem o tratamento por medo da separação", tuitou David Owens, um médico local, esta semana.


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