Muhayimana, 60 anos, que em 1994 trabalhava como motorista do hotel Guest House em Kibuye (oeste de Ruanda), é acusado de "cumplicidade" em genocídio e crimes contra a humanidade.
A acusação afirma que ele ajudou "conscientemente" os militares e milicianos, garantindo o seu transporte até aos locais onde cometeram o massacre de membros da minoria tutsi.
Durante o segundo dia de julgamento na França, o presidente do tribunal perguntou repetidamente ao réu, que enfrenta prisão perpétua, se ele conhecia o plano de extermínio.
"Não é fácil, mas tentarei responder", declarou Muhayimana. "Como você quer que um simples motorista como eu coloque em prática uma ação planejada? Não é possível. Eu não tinha esta autoridade", acrescentou.
Dada a insistência do presidente do tribunal, a defesa protestou contra uma questão que qualificou como confusa para o seu cliente.
Um intérprete fez a pergunta novamente na língua kiñaruanda. "O que sei hoje é que houve um genocídio, mas não sei se foi planejado", reiterou Muhayimana, que reside na França, cuja nacionalidade obteve em 2010.
O regime extremista Hutu planejou o genocídio da minoria tutsi, cometido de abril a julho de 1994.
Mais de 800.000 pessoas foram exterminadas, em uma das piores tragédias do século XX. O julgamento, que deve durar um mês, é o primeiro na França contra um cidadão comum.
Os dois anteriores resultaram em prisão perpétua para dois ex-prefeitos em 2016 e 25 anos de prisão para um ex-capitão do exército em 2014.
PARIS