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Estado de Minas BENGASI

Líbia tenta pôr ordem a sua anárquica urbanização


23/11/2021 06:13

As autoridades líbias têm graves problemas para conter a anárquica urbanização que prosperou no país após a queda do regime de Muammar Khadafi, em 2011. E, agora, querem aproveitar a relativa calma política para colocar um pouco de ordem na casa.

Terras agrícolas divididas de forma precipitada para construir, bairros inteiros levantados sem autorização e cidades com forte tensão imobiliária são algumas das consequências de dez anos de ausência do Estado.

A Líbia é, hoje, "incapaz de seguir o ritmo" de sua urbanização galopante e anárquica, disse à AFP o ministro da Habitação e Construção do governo interino, Abubakr Al Ghawi.

Em Benghazi (leste), a área construída dobrou desde 2009, passando de 32.000 para 64.000 hectares, segundo o diretor do Escritório de Projetos da cidade, Osama Al Kazza. E metade da segunda cidade do país foi construída sem seguir qualquer planejamento urbano do governo, conta.

A cerca de 1.000 km a oeste, na capital Trípoli, bairros inteiros surgiram sem a menor autorização.

Agora, no momento em que a Líbia começa a recuperar uma forma de estabilidade, o Ministério da Habitação se prepara para acelerar o cumprimento da "terceira fase dos planos de urbanismo, em colaboração com estudos locais e internacionais para revisar os projetos aleatórios elaborados nestes últimos dez anos", relata Al Ghawi.

O primeiro plano de urbanismo foi adotado em 1966; o segundo, em 1980; e o terceiro, em 2009. Este último nunca chegou a ser colocado em prática, devido ao caos e à instabilidade.

- "Casas destruídas" -

Milhares de hectares de terras agrícolas na periferia de Benghazi foram divididos em lotes de 500 metros quadrados e vendidos para a construção de moradias sem qualquer planejamento, ou controle por parte do Estado.

As autoridades locais têm enormes dificuldades para conter este fenômeno e recuperar os setores danificados pela guerra. Este quadro favorece a criação de bairros inteiros não autorizados, onde famílias deslocadas se instalaram desde 2014.

Vários bairros da cidade foram completamente destruídos durante os violentos combates, nos últimos anos, para expulsar os grupos jihadistas que se estabeleceram ali depois de 2011.

Seus habitantes tiveram que encontrar soluções de emergência, nem sempre legais, para não ficarem na rua.

"Abandonamos nossas casas no centro da cidade por causa da guerra", disse Jalal Al Gotrani, um funcionário público de 48 anos que construiu sua casa em um novo bairro desta cidade, berço da revolta de 2011.

"No final dos combates, descobrimos nossas casas destruídas, inabitáveis. Não podíamos mais pagar aluguel. Nos vimos obrigados a construir uma pequena casa em um setor criado de maneira informal pelo povo, na ausência do Estado, ou de uma ajuda para reabilitar os setores destruídos", explica.

Em Trípoli, as necessidades em matéria de moradia são particularmente importantes.

Os confrontos na capital no ano passado e os sangrentos combates no leste colocaram a maior cidade do país sob pressão. Dezenas de milhares de famílias afetadas pela guerra chegaram, o que resultou em uma crise de moradia e no aumento dos preços.

Há algumas semanas, as autoridades locais fazem uma grande campanha contra as construções irregulares que surgiram na capital durante o caótico período posterior à revolta.

Assim, dezenas de comércios e residências ilegais foram destruídas, deixando seus ocupantes na rua, obrigados a deixarem estes locais sem aviso prévio e sem alternativas.


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