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Estado de Minas DOHA

Talibãs se reúnem com representantes da UE e dos EUA


12/10/2021 17:08

Os talibãs se reuniram com uma delegação conjunta de Estados Unidos e União Europeia (UE) nesta terça-feira (12) no Catar, o mesmo dia em que as autoridades europeias se comprometeram a aportar uma ajuda humanitária de 1 bilhão de euros para o Afeganistão.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje um programa de ajuda da UE destinado a "evitar um enorme colapso humanitário e socioeconômico no Afeganistão", durante uma cúpula virtual do G20 organizada pela Itália.

O "povo afegão não deve pagar o preço das ações dos talibãs. É por isso que o pacote de apoio afegão é para o povo afegão e os vizinhos do país, que foram os primeiros a lhes oferecer ajuda", detalhou Von der Leyen em comunicado.

O pacote de 1 bilhão de euros inclui uma remessa de 300 milhões de euros já aprovados pela UE, e também ajudas suplementares especializadas para ações como vacinação, abrigo, segurança da população civil e respeito aos direitos humanos, explicou a Comissão.

- 'Agir, e rapidamente' -

As conversas em Doha entre representantes dos talibãs, da UE e dos Estados Unidos nesta terça-feira foram facilitadas pelo Catar, que há algum tempo abriga um escritório de representação política do movimento islamista.

Segundo a porta-voz da UE, Nabila Massrali, essas negociações devem "permitir que os Estados Unidos e os europeus discutam questões" como a liberdade de movimento de pessoas que desejam deixar o Afeganistão, o acesso à ajuda humanitária, os direitos das mulheres e impedir que o país se transforme em santuário para grupos "terroristas".

"Este é um encontro informal, técnico. Não constitui um reconhecimento do 'governo interino'", explicou a porta-voz.

Até o momento, o governo talibã não foi reconhecido por outros países.

Os dirigentes do G20 reafirmaram sua promessa de fornecer ajuda humanitária a Cabul, mas também reconheceram que estão "muito concentrados" na luta contra o terrorismo, segundo a Casa Branca.

O chefe de governo da Itália, Mario Draghi, país anfitrião da reunião do G20 este ano, explicou que o grupo contempla "um mandato geral" da ONU para supervisionar a resposta internacional aos problemas socioeconômicos no Afeganistão.

Para Draghi, no entanto, ainda é "cedo" para reconhecer o regime islamista, mas ressaltou que "algum tipo de envolvimento" dos talibãs será necessário para fazer a ajuda humanitária chegar ao país.

A UE procura, acima de tudo, evitar um "colapso" do Afeganistão, afirmou o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, antes da reunião desta terça.

"Não podemos nos contentar com olhar e esperar. Temos que agir, e rapidamente", acrescentou.

"Queremos ter uma relação positiva com todo o mundo", disse, por sua vez, o ministro em exercício do Talibã para as Relações Exteriores, Amir Khan Muttaqi, na segunda-feira (11) em Doha.

"Acreditamos em relações internacionais equilibradas. Acreditamos que essas relações equilibradas podem salvar o Afeganistão da instabilidade", acrescentou.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, instou a comunidade internacional a doar mais recursos ao Afeganistão para evitar o seu colapso econômico, mas também denunciou as promessas não cumpridas do Talibã em relação às mulheres e meninas, após os abusos cometidos durante o primeiro regime entre 1996 e 2001.

"Estou especialmente alarmado de ver que as promessas feitas às mulheres e meninas do Afeganistão pelos talibãs foram quebradas", disse ontem o secretário-geral da ONU aos jornalistas.

- Prioridades -

A volta dos talibãs ao poder é "uma realidade que devemos ter em conta [...]. O mais importante agora é interagir com eles", disse hoje Mutlaq al-Qahtani, enviado especial do Ministério das Relações Exteriores do Catar, ao se esquivar de uma pergunta sobre em que circunstâncias o governo catari poderia reconhecer os talibãs.

O enviado especial de Doha fez essas declarações durante a abertura do Global Security Forum, um evento que acontece no Catar em paralelo aos diálogos entre europeus, americanos e talibãs.

"A prioridade agora é a situação humanitária, a educação e a livre circulação" de pessoas que desejam deixar o Afeganistão, acrescentou.

Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em 2001 e derrubaram o regime talibã em resposta aos ataques de 11 de setembro planejados pela Al-Qaeda a partir do território afegão. As tropas americanas retiraram-se do país no final de agosto, após um acordo com os islamitas.

A tomada do poder pelo Talibã levou à retirada do Afeganistão de mais de 100 mil pessoas que temiam abusos ou atos de vingança por parte dos novos senhores do país.


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