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Estado de Minas NOVA YORK

Karen Baker, a sobrevivente do Pentágono encarregada de anunciar as mortes do 11/9


29/07/2021 09:29

Karen Baker era uma especialista em comunicação de crise no Pentágono em 11 de setembro de 2001, mas nada poderia tê-la preparado para o que teria que fazer em seguida: anunciar a morte de seus amigos.

Quando o voo 77 da American Airlines se chocou contra o quartel-general do departamento de Defesa americano, Baker inicialmente pensou que uma bomba tivesse explodido no prédio.

"Foi uma explosão forte e em seguida sentimos um tremor", lembra esta especialista em relações com a imprensa na época com 33 anos. "Achamos então que fosse uma bomba".

Baker e sua amiga, Elaine Kanellis, que estava grávida de nove meses, se uniram a outros milhares de funcionários que evacuaram rapidamente o prédio, muitos em meio à escuridão e ao calor intenso provocados pela explosão.

Os investigadores disseram em seguida que todos os sobreviventes fugiram do edifício nos primeiros 30 minutos após o ataque.

"As pessoas estavam muito ansiosas e tentando entender o que acontecia. Mas estávamos com militares. Tinham estado sob fogo antes, então havia uma sensação de calma e ordem na confusão".

Do lado de fora, no estacionamento, Baker e seus colegas tentaram desesperadamente contar as pessoas que tinham saído. Souberam em seguida que a explosão tinha sido causada por um avião.

"Sabia que eram terroristas. Mas a ideia de um avião usado como arma e como isso podia acontecer nesta área era um pouco difícil de imaginar. Estava pronta para que chovessem bombas do céu sobre mim".

- "É o trabalho que tenho que fazer" -

Ao chegar em casa naquela noite, após cruzar uma Washington isolada pelas forças de ordem, Karen Baker começou a digerir a enormidade do ocorrido ao abraçar seu marido e seus dois filhos, ambos menores de cinco anos.

"A tensão tinha levado as crianças ao limite e estavam chorando. Isso foi realmente difícil de ver", conta.

As atenções de Baker logo se voltaram para o trabalho. Durante dias, ela foi chave na compilação de uma lista dos mortos e na comunicação com familiares para preparar homenagens às vítimas e para ser seu "escudo e intermediária com a mídia".

"A gente é treinada para anunciar a morte de soldados, mas não sabíamos realmente como fazer isso com civis. É algo que nunca tinha previsto", diz.

O desafio foi inclusive mais difícil porque dois bons amigos morreram, enquanto outro sofreu queimaduras em 90% do corpo.

"Você trata o assunto de forma muito profissional. 'Este é o trabalho que tenho que fazer'. E depois, de repente, vê o nome de amigos na lista e eram pessoas que você não sabia que tinham sido feridas e agora estamos anunciando suas mortes".

Isso foi "o mais difícil de tudo o que me abalou nos dois dias seguintes" ao ataque, conta Baker à AFP no corpo de engenheiros do exército americano em Nova York, onde trabalha agora como diretora de programas.

Durante meses, ela deu e coordenou inúmeras entrevistas.

"Foi como reviver o durante dias e dias (...) Mas para mim era especialmente importante contar a história dos civis do exército que morreram porque estas foram pessoas que nunca vestiram um uniforme e que realmente nunca se registraram para enfrentar o perigo".

Baker e seus colegas da época se comunicam a cada aniversário do

"Realmente marcou o caminho que muitos de nós tomamos depois desse dia", diz.

"Tento apreciar a vida. Tento reconhecer que não recebemos nenhum tempo a mais do que temos. Também digo à minha família que a amo muito".

Baker acredita que naquele dia presenciou "milagres" que "aprofundaram" a sua fé.

"Vi o heroísmo de pessoas que se uniram", conta.

"Sinto, sim, que tinha alguém me protegendo e que garantiu que eu saísse do edifício".


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