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Estado de Minas CABUL

Governo afegão mobiliza tropas para recuperar importante posto fronteiriço


10/07/2021 15:46 - atualizado 10/07/2021 16:01

O governo afegão prepara, neste sábado (10), um destacamento de tropas para tentar recuperar um importante posto de fronteira com o Irã tomado pelo Talibã, que na sexta-feira (9) afirmou controlar 85% do território.

Ontem, os insurgentes conquistaram a passagem de Islam Qala, por onde transita a maior parte do comércio com o Irã, e a passagem de Torghundi, com o Turcomenistão, consolidando uma faixa de território no norte do Afeganistão que vai do país persa no oeste até a China no nordeste.

O movimento radical islâmico, derrubado do poder no Afeganistão após a invasão dos Estados Unidos de 2001, tem aproveitado a retirada definitiva das tropas estrangeiras do país para conquistar importantes extensões de terras desde maio, principalmente nas áreas rurais.

O porta-voz do governador de Herat, província ocidental onde estão localizadas as duas passagens perdidas na sexta-feira, garantiu que as autoridades afegãs estão preparando o envio de novas tropas para recuperar a passagem de Islam Qala.

"Os reforços ainda não foram despachados para Islam Qala. Eles serão despachados em breve", disse Jilani Farhad à AFP.

Neste sábado, centenas de membros da milícia de Ismail Khan, um senhor da guerra veterano que ajudou as tropas americanas em 2001 e que agora anuncia seu apoio ao governo contra os insurgentes, foram implantados na cidade de Herat.

"Distribuímos cerca de 10.000 armas aos combatentes [...] e desdobramos nossas forças para defender [...] o povo", afirmou à AFP Maroof Gholami, chefe das forças de Ismail Khan em Herat.

Basir Ahmad, um dos milicianos, disse à AFP que estava lá "para defender Herat e outras províncias", já que o Talibã "pretende atacar Herat". "Vamos defendê-la até que não nos sobre mais uma gota de sangue", disse ele, declarando-se pronto para ir "aonde quer que Ismail Khan nos leve".

- Medo de uma nova guerra civil -

O governador de Balkh, Mohammad Farhad Azimi, anunciou o destacamento de 1.500 milicianos para a província, no norte.

No entanto, o embaixador do Paquistão em Cabul, Mansoor Ahmad Khan, expressou preocupação com o envolvimento dessas milícias no conflito contra o Talibã, pois, segundo ele, isso poderia agravar ainda mais a situação.

Se tal envolvimento "se traduzir em uma espécie de guerra entre milícias e talibãs, será perigoso", afirmou à AFP o diplomata, cujo país há muito é acusado de apoiar o Talibã.

O enfraquecimento do exército afegão também reforça a posição dos históricos senhores da guerra, que mobilizam seus simpatizantes, gerando temores de que o país acabe em uma nova guerra civil, como aconteceu após a queda do regime comunista em 1992, que veio depois da saída do exército soviético em 1989.

No sábado, o governador da província de Badghis, Hessamuddin Shams, disse que as forças afegãs repeliram um novo ataque a Qala-i-Naw, a primeira capital provincial em que o Talibã conseguiu penetrar desde que lançou sua ofensiva.

Na quinta-feira, eles tomaram vários prédios oficiais da cidade, mas foram expulsos no dia seguinte.

- Washington pressiona por um acordo -

Os talibãs, por sua vez, garantiram neste sábado que haviam apreendido um distrito na província de Laghman, vizinha de Cabul.

Os insurgentes, que conquistaram parte do norte do país, áreas que historicamente foram difíceis de tomar, afirmam controlar 85% do território afegão, número contestado e impossível de verificar de forma independente.

Enquanto isso, as forças governamentais retêm pouco mais do que uma constelação de capitais provinciais que devem ser abastecidas e reforçadas pelo ar.

Apesar do avanço do Talibã, Washington seguiu retirando suas tropas, processo que porá fim a 20 anos de uma intervenção militar internacional letal e muito cara, ordenada após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

O presidente americano, Joe Biden, ao anunciar na quinta-feira que a retirada dos EUA terminaria em 31 de agosto, disse que seria "muito improvável" que um "governo unificado [...] controlasse todo o país".

Washington insta as partes a chegarem a um "acordo político", mas as negociações entre o governo afegão e os talibãs estão paralisadas.

Os últimos afirmaram recentemente que querem "um acordo negociado", mas o presidente afegão, Ashraf Ghani, os acusou no sábado de não quererem dialogar e os considerou "responsáveis" pela violência que, segundo ele, estaria deixando "de 200 a 600 mortos" por dia no país.


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