"Nossos escritórios estão cercados por tropas de choque. Exigimos respeito pela integridade física de nossos colegas. Exigimos a retirada da polícia", denunciou Carlos Fernando Chamorro, diretor da Confidencial, por meio de suas redes sociais.
Carlos é filho da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997). Nesta mesma quinta-feira, sua irmã Cristiana, líder da oposição, foi acusada pelo governo de envolvimento em lavagem de dinheiro, condição que pode afetar suas aspirações de participar das eleições presidenciais de novembro.
Durante a operação, a polícia dispersou violentamente os jornalistas que cobriam a operação nos escritórios de ambas as mídias, localizadas no mesmo prédio da capital, Manágua.
"Eles serão presos", disseram os agentes enquanto corriam atrás dos jornalistas, incluindo repórteres das agências AFP e EFE. O fotógrafo da AFP, Inti Ocón, conseguiu escapar dos agentes junto com outros de seus colegas. Eles ficaram escondidos por mais de uma hora.
O cinegrafista da AFP, Luis Sequeira, chegou a ser detido e solto vinte minutos depois. Ele disse que a polícia apagou de seu celular todos os vídeos que ele gravou sobre a operação.
"Minha veemente condenação pelo segundo ataque ilegal da ditadura contra o Esta Semana e a Confidencial. Ortega está fora de controle, o povo já o derrotou", disse Cristiana Chamorro.
A primeira vez que o governo ordenou a busca nas dependências da Confidencial foi em 2018, quando ocupava outro prédio e equipamentos e meios de trabalho foram apreendidos. Neste ano, a Confidencial cobriu os protestos que exigiram a saída de Ortega e nos quais foram registradas mais de 300 mortes.
Na época, o governo justificou a ocupação de alguns meios de comunicação locais, acusando-os de violar a paz e os direitos humanos dos nicaraguenses. Dois anos depois entregou o antigo imóvel ocupado pela Confidencial ao Ministério da Saúde. Carlos Fernando Chamorro reabriu os escritórios em novo local no final de 2019, que foi invadido nesta quinta-feira.
"Eles não vão nos calar, podem roubar outras câmeras de televisão, outros acessórios, podem ocupar uma sala onde realizamos produções, mas vamos continuar a reportar, não vão calar nossos jornalistas", escreveu Chamorro no Twitter.
MANÁGUA