A empresa Moattama Gas Transportation Company (MGTC) é proprietária do gasoduto que liga o campo de Yadana, em frente à costa birmanesa, à Tailândia. Foi criada em 1994, quando foi implantado o projeto energético e é registrada nas Bermudas.
Seus acionistas são os mesmos que os da empresa que explora a jazida, especialmente Total (31%) e Myanmar Oil and Gas Enterprise (MOGE, 15% sob controle do exército birmanês).
Segundo o jornal francês, que consultou contas e auditorias da MGTC, esta empresa cobra "um preço considerado exorbitante" ao transporte de gás, geralmente menos taxado do que a produção, o que permitiria reduzir o montante de impostos destinados ao Exército birmanês.
Este dispositivo permitiria ao Exército, através da MOGE, se beneficiar diretamente de dividendos sobre o transporte, que em 2019 gerou uma receita de 523 milhões de dólares, frente a apenas 11 milhões de dólares em taxas.
"Não conhecemos as razões precisas que levaram a optar por registrar a MGTC nas Bermudas há 30 anos", reagiu a Total.
Segundo a gigante francesa, atualmente o grupo "não registra mais nenhuma nova filial em paraísos fiscais".
"Não há benefícios extraordinários" no gasoduto, insistiu a Total, presente em Mianmar desde 1992.
"Estão divididos entre o transporte e a produção de gás. O esquema é clássico e foi avalizado pelas autoridades de Mianmar da época e continuou com os governos sucessivos até agora", segundo a empresa.
PARIS