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Estado de Minas Clima e desmatamento

Biden pede ação 'concreta'

Presidente dos EUA eleva o tom da cobrança ao governo brasileiro por preservação da Amazônia e quer discutir metas com Jair Bolsonaro ainda em abril


04/04/2021 04:00 - atualizado 03/04/2021 22:08

Os Estados Unidos esperam “mais passos concretos” do Brasil no combate às mudanças climáticas e estão dispostos a “apoiar” os esforços do país para preservar a Amazônia, chave para o bem-estar do planeta. Foi o novo recado dado pelo presidente Joe Biden. Após visita virtual à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, falou em parceira crucial com o governo brasileiro.

“Para o presidente Biden, a parceria com o Brasil é crucial para enfrentar com eficácia o desafio global compartilhado das mudanças climáticas”, afirmou Blinken. O secretário de Estado americano destacou ainda a “notável relação econômica bilateral” com o Brasil, que chega a US$ 100 bilhões por ano.

Joe Biden, um democrata que aposta na criação de milhões de empregos para adaptar a infraestrutura e garantir um futuro de energia limpa, convidou o presidente Jair Bolsonaro para uma cúpula de líderes sobre o clima prevista para 22 e 23 deste mês.
 
Em novas declarações sobre a mudança climática, o presidente americano, Joe Biden, disse estar disposto a apoiar esforços do Brasil(foto: Mandel Ngan/AFP)
Em novas declarações sobre a mudança climática, o presidente americano, Joe Biden, disse estar disposto a apoiar esforços do Brasil (foto: Mandel Ngan/AFP)
 
A reunião virtual “sublinhará a urgência e os benefícios econômicos de se tomarem medidas mais firmes” para conter o aquecimento global, disse a Casa Branca sobre a reunião, para a qual foram convocados 40 dignitários. O Brasil, que concentra mais de 60% da floresta amazônica, que se estende por nove nações sul-americanas, registrou em 2020 as maiores taxas de desmatamento em 12 anos.

A organização não governamental World Resources Institute denunciou na quarta-feira passada que a floresta virgem brasileira perdeu 1,7 milhão de hectares em 2020, aumento de 25% em um ano. A destruição, que os especialistas atribuem principalmente à pecuária, ao cultivo da soja e à extração de madeira e minerais, ameaça a capacidade da floresta tropical de absorver o dióxido de carbono que regula o clima global.

Reflorestamento O Brasil assinou em 2015 o Acordo de Paris, o tratado internacional juridicamente vinculativo sobre mudanças climáticas, que visa limitar o aquecimento global a 2° celsius acima dos níveis pré-industriais e continuar os esforços para baixá-lo para 1,5°C. Com base no pacto, o Brasil prometeu o fim do desmatamento ilegal e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro, um populista de extrema-direita e cético em relação às mudanças climáticas, cortou o financiamento de programas ambientais e pressiona para que as terras amazônicas protegidas sejam usadas para atividades do agronegócio e mineração. Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos ouvido pela agência internacional de notícias AFP dise que os Estados Unidos e o Brasil precisam trabalhar juntos para unir proteção ambiental e crescimento econômico.

“Em poucas palavras: esperamos expandir nossa cooperação e ver o Brasil tomar mais passos concretos para combater as mudanças climáticas e atingir zero emissões líquidas (de carbono) até 2050. E uma grande parte disso é parar o desmatamento”, ressaltou.

Em seu relatório de 2020, o IMCCS, um grupo de militares e especialistas em segurança, destacou que o Brasil deve fazer do combate ao desmatamento uma prioridade. Oliver-Leighton Barrett, principal autor do relatório, espera que o governo Bolsonaro “faça o Brasil retornar ao caminho outrora responsável pelos imperativos ambientais e climáticos e mostre que o desenvolvimento não precisa ser feito à custa do meio ambiente ou da segurança”.

Boa-fé Os Estados Unidos reconhecem que recursos econômicos são necessários para preservar a Amazônia brasileira. “Estamos considerando vários mecanismos para apoiar os esforços do Brasil”, disse o funcionário do Departamento de Estado. Durante a campanha eleitoral do ano passado, Biden prometeu arrecadar US$ 20 bilhões em todos os países para que o Brasil deixe de desmatar e alertou sobre “consequências econômicas significativas” se não o fizer.

Bolsonaro respondeu com um tuíte em letras maiúsculas: “Nossa soberania não é negociável”. O porta-voz do Departamento de Estado destacou que os Estados Unidos “respeitam a soberania do Brasil” na gestão da Amazônia. 

“Viemos para a mesa como um parceiro de boa-fé para encorajar o Brasil a atingir metas mais ambiciosas”, afirmou.

Os Estados Unidos, primeira economia do mundo e segundo maior emissor de gases de efeito estufa depois da China, voltaram ao Acordo de Paris com Biden, depois que seu antecessor Donald Trump abandonou o tratado por considerá-lo injusto. 

O país responde por 15% das emissões globais de carbono, ante 1% do Brasil, segundo a ONG Union of Concerned Scientists.


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