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Estado de Minas YANGON

ONU teme 'guerra civil' em Mianmar, mas China rejeita sanções


31/03/2021 21:35 - atualizado 31/03/2021 21:39

A China rejeitou nesta quarta-feira (31) a imposição de sanções contra a junta militar birmanesa, depois que a emissária da ONU para Mianmar advertir para um risco "sem precedentes" de "guerra civil" e de um "banho de sangue" iminente, exortando o Conselho de Segurança das Nações Unidas a agir.

As sanções contra o exército birmanês que depôs Aung San Suu Kyi "só agravarão a tensão e o confronto", disse o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança. No entanto, defendeu "voltar a uma transição democrática no país".

Ele mencionou "a violência e o derramamento de sangue (que) não beneficia ninguém" e pediu a "todas as partes" que "mantenham a calma (e) ajam com moderação", mas sem ameaçar com sanções, o que outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, vêm pedindo.

"A crueldade dos militares é grave demais e muitas organizações étnicas armadas manifestam claramente sua oposição, aumentando a possibilidade de uma guerra civil em um nível sem precedentes", disse Christine Schraner Burgener, emissária da ONU em Mianmar, durante uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança.

"Um banho de sangue é iminente", alertou.

"Exorto este Conselho a considerar todos os meios à sua disposição para tomar medidas coletivas e fazer o que seja necessário, o que o povo birmanês merece, para evitar uma catástrofe multidimensional no coração da Ásia", acrescentou.

A reunião do Conselho terminou depois de suas horas e quinze minutos de debates. Segundo vários diplomatas, a China pediu um prazo antes de adotar uma proposta de texto, formulada pelo Reino Unido, o que adiará para a quinta-feira uma decisão.

Os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram novas sanções contra os golpistas, mas a China e a Rússia se negam a condenar oficialmente o golpe de Estado de 1º de fevereiro.

Nesta quarta-feira, o Japão anunciou que suspenderia qualquer nova ajuda a Mianmar.

Aproveitando essas divisões, a junta militar golpista continua com a repressão sangrenta das manifestações. Na terça-feira, as forças de segurança mataram oito manifestantes, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).

Desde 1º de fevereiro, eles mataram 520 civis e detiveram centenas de manifestantes e oponentes, e eles estão desaparecidos, disse a AAPP.

Enquanto isso, Aung San Suu Kyi continua detida desde o golpe.

A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz "parece estar bem de saúde", disse um de seus advogados, Min Min Soe, que falou com ela por videoconferência em uma delegacia de polícia nesta quarta-feira. Uma audiência está marcada para esta quinta.

- Ataques a delegacias -

A repressão provocou a reação de uma série de revoltas étnicas em Mianmar.

A União Nacional Karen (KNU) e o Exército da Independência de Kachin (KIA) lançaram ataques contra as forças de segurança nos últimos dias.

Nesta quarta-feira, o KIA atacou uma delegacia de polícia no estado de Kachin (norte), segundo a mídia local.

Na véspera, um ataque com foguete feriu cinco policiais em uma delegacia de polícia na região de Bago (nordeste de Yangon), segundo o Exército.

O ataque não foi reivindicado, mas no último fim de semana, no estado de Karen, o KNU apreendeu uma base militar, provocando uma resposta aérea golpista, a primeira em 20 anos naquela região.

O KNU então declarou que responderia ao bombardeio e reiterou seu apoio "ao movimento popular contra o golpe". Três outros grupos rebeldes, incluindo o poderoso Exército Arakan (AA), ameaçaram represálias se a repressão continuar.

Desde a independência de Mianmar em 1948, vários grupos étnicos estão em conflito com o poder central. Esses grupos pedem mais autonomia, acesso à riqueza natural ou parte do lucrativo tráfico de drogas.

Os ataques aéreos deslocaram cerca de 3.000 pessoas para a Tailândia, país fronteiriço.

"Cerca de 550 ainda estão na Tailândia, 2.300 retornaram à Mianmar", disse o governo tailandês.

Militantes do Karen acusaram a Tailândia de impedir a entrada de refugiados.

- "Um novo governo civil" -

Dezenas de milhares de funcionários públicos e trabalhadores do setor privado continuam em greve contra o regime militar.

Nesta quarta-feira, houve uma caravana de motocicletas em Mandalay (centro), sob os slogans "Salvem Mianmar" e "Acabem com os crimes contra a humanidade".

Vigílias à luz de velas e marchas foram organizadas ao amanhecer.

No entanto, o número de manifestantes tende a diminuir em comparação com as centenas de milhares nas primeiras semanas de protesto, por medo de represálias.

Um grupo de deputados da Liga Nacional para a Democracia (NLD), partido de Suu Kyi, expulso do Parlamento pelos golpistas, também anunciou nesta quarta-feira que formaria "um novo governo civil" no início de abril, sem fornecer detalhes.


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