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Estado de Minas NOVA YORK

Por que o Texas, centro energético dos EUA, está paralisado por cortes de energia?


18/02/2021 14:55

A onda de frio que atingiu o sul dos Estados Unidos deixou mais de 600.000 casas e empresas sem energia no Texas, o maior produtor de petróleo e gás do país.

Como o estado entrou nesta crise?

- O que está acontecendo com o Texas? -

O frio intenso, marcado por temperaturas polares e tempestades de neve, causou um aumento no consumo de eletricidade nos estados do sul dos Estados Unidos nos últimos dias.

O Texas, que tem quase 29 milhões de habitantes, enfrenta as piores dificuldades para atender a essa explosão de demanda.

Diversas usinas movidas a gás natural, energia eólica ou nuclear - e que abastecem cidades como Austin ou Houston - sofreram interrupções de seu funcionamento por causa dessas condições extremas.

A ERCOT, empresa responsável pela distribuição de energia no Texas, declarou estado de emergência durante a noite de domingo para a segunda-feira e decidiu, por precaução, cortar algumas fontes de energia para evitar a saturação da rede.

Algumas famílias ficaram sem energia por mais de 48 horas quando o termômetro chegou a temperaturas raramente vistas.

Na quarta-feira à noite, a empresa informou que havia restaurado a energia para cerca de 1,6 milhão de casas, acrescentando estar trabalhando "24 horas por dia para restaurar a energia para os texanos".

- Qual foi a resposta política? -

O governador republicano do Texas, Greg Abbott, criticou o gerenciamento de crise feito pela ERCOT.

Em um comunicado divulgado na terça-feira, Abott declarou que a empresa "não tem sido nada confiável nas últimas 48 horas".

"Muitos texanos estão privados de eletricidade e calor, pois nosso estado enfrenta temperaturas congelantes e inverno rigoroso. Isso é inaceitável", acrescentou, anunciado uma investigação sobre a ERCOT.

O órgão federal responsável pelas tarifas de energia elétrica e gás natural também anunciou que analisará os motivos das interrupções de energia "nos próximos dias".

No entanto, alguns especialistas acreditam que o problema é principalmente estrutural.

"A ERCOT não pode investir em equipamentos. Só pode gerenciar a rede", ressaltou Ed Hirs, professor de economia da Universidade de Houston.

De acordo com Hirs, o Texas, que costuma atingir seu pico de atividade energética no final do verão, não estava preparado para uma onda de frio.

"Não há geradores suficientes planejados para atender a um forte aumento na demanda no inverno", explicou.

- Quais serão as consequências para o Texas? -

O estado é o pulmão energético dos Estados Unidos, de longe o maior produtor de petróleo e gás natural do país, mas também é um peso pesado em energia eólica e solar.

Essa 'independência' energética, tão marcante em outras situações, atua contra o estado em tempos de crise, já que sua rede energética está desconectada do resto do país, impossibilitando a importação de energia.

A crise atual trouxe à tona os limites desse sistema.

"É um aviso para o mundo de que mesmo regiões onde a energia é abundante podem ter problemas e isso pode ser catastrófico", alertou Michael Webber, professor da Universidade do Texas e diretor científico do Grupo Engie, com sede em Paris.

Para Webber e Hirs, as investigações são mais como a busca de um bode expiatório e uma postura política do que um desejo real de reforma da infraestrutura.

Uma mudança genuína exigiria "forte vontade política, muita integridade e liderança", acrescentou Hirs.

"Atualmente, nem o governador nem o Legislativo (do Texas) demonstram essas qualidades", finalizou.

- Qual o impacto para as energias fósseis e renováveis? -

Várias vozes conservadoras ressaltaram o papel supostamente dominante das energias renováveis como o principal fator por trás dos cortes de energia.

Esses comentários provocaram reações como a de Daniel Cohan, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade Rice em Houston.

"Nós enfrentamos uma crise nos sistemas de energia, não apenas uma crise de eletricidade", escreveu Cohan no Twitter.

"Todas nossas fontes de energia falharam. Todas são vulneráveis de uma forma ou outra aos fenômenos meteorológicos e climáticos extremos", lamentou.

Engie

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