"Primeiro investi mil libras (R$ 7,49 mil) e, depois que vi que estava ganhando dinheiro, depositei um pouco mais e mais. No fim, perdi 17 mil libras (R$ 127,3 mil)", ele disse ao programa Money Box, da BBC.
Jonathan é um dentre um número crescente de usuários do Instagram que perderam dinheiro em supostas fraudes na rede social.
Desde que a pandemia da covid-19 começou, no ano passado, o número médio de denúncias de fraudes no Instagram reportadas a cada mês cresceu mais de 50%, segundo dados da Action Fraud, o centro nacional da polícia do Reino Unido para crimes e fraudes cibernéticas.
Também houve um aumento no valor que usuários dizem ter perdido nesses golpes. Antes da pandemia, o valor médio era 60 mil libras (R$ 449 mil) por mês, mas agora subiu para 200 mil (R$ 1,5 milhão) ao mês.
Jonathan disse que o suposto golpista, Gurvin Singh, um homen de Plymouth, no sudoeste da Inglaterra, diz ter enriquecido investindo em transações de câmbio com moedas estrangeiras.
Singh então ofereceu a usuários que o seguiam no Instagram a chance de acompanhá-lo em suas transações.
"Ele disse que cada negócio que fizesse seria replicado na minha conta quando eu aderisse".
Jonathan disse que Singh prometeu lucros quase imediatos. Jonathan teve então acesso a uma plataforma de investimentos chamada Infinox, onde poderia analisar sua performance.
No início, os lucros aumentaram, e ele investiu mais dinheiro. Mas ele começou a suspeitar depois de alguns meses, quando viu seus investimentos despencarem em dois dias.
"Eu tentei retirar o dinheiro, mas o sistema disse que a operação havia falhado. Eu pedi uma explicação, e a desculpa deles foi que os lucros caíram por causa do Brexit (retirada do Reino Unido da União Europeia). Depois de alguns dias, todo meu dinheiro tinha desaparecido e eu não conseguia mais contatar Gurvin ou qualquer pessoa envolvida", disse Jonathan. "Fiz denúncias à polícia, aos meus bancos e ao Instagram."
'As pessoas são sugadas'
Jake Moore, um especialista em cybersegurança, diz que com muitos jovens participando das redes sociais, golpes como esse se tornaram mais comuns.
"As pessoas são sugadas e querem acreditar nisso, querem esse estilo de vida, especialmente nos dias de hoje, em que jovens têm dificuldade para achar empregos", ele disse. "Há definitivamente mais pessoas buscando formas diferentes e novas de ganhar mais dinheiro."
"Há bilhões de contas de redes sociais, e os algoritmos ainda não são sofisticados o suficiente, não podemos delegar esse controle aos computadores. As empresas de mídias sociais têm um caminho longo a percorrer."
Ele sugere a usuários de redes sociais que nunca envolvam dinheiro ao lidar com pessoas desconhecidas.
"Há contas que oferecem esquemas maravilhosos para dobrar, triplicar ou quadruplicar seu dinheiro. São golpes", disse ele.
O Facebook, que é dono do Instagram, diz que combate proativamente esse tipo de conteúdo com tecnologias de detecção de spam e que está investigando a conta de Singh.
"Não há espaço para comportamento fraudulento ou inautêncico no Instagram. Nós temos uma equipe de segurança com 35 mil pessoas trabalhando para manter nossas plataformas seguras, e bloqueamos milhões de contas todos os dias", disse um porta-voz do Facebook.
A Autoridade de Conduta Financeira, que regula os mercados financeiros no Reino Unido, disse que Singh foi adicionado a uma lista de agentes financeiros não autorizados.
O órgão recomendou a investidores que só lidem com empresas financeiras autorizadas.
O escritório policial antifraudes disse que está investigando as atividades de Singh, mas que não há inquérito instaurado.
Singh não respondeu os pedidos de entrevista da BBC.
Um portavoz da Infinox, a plataforma usada por Jonathan, rejeitou todas as sugestões de que a empresa teria agido sem integridade ou violado as regras. O portavoz não quis comentar as atividades de Singh por elas não terem vínculo com os serviços oferecidos pela Infinox.
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