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Estado de Minas

OEA 'tinha que estar' nas eleições da Bolívia em 2019, diz Almagro em novo livro


16/11/2020 11:25

A OEA "tinha que estar" nas eleições presidenciais de 2019 na Bolívia para evitar que Evo Morales "roubasse a eleição" - disse o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, em livro sobre sua figura, ao qual a AFP teve acesso antecipado.

"Eu estava ciente dos problemas que teve a Missão de Observação Eleitoral" (MOE) que supervisionou o referendo para possibilitar a reeleição de Morales. "E o governo demorou a admitir a derrota desse referendo e o papel que desempenhamos para que admitisse a derrota", acrescentou.

"Se não estivéssemos (nas eleições presidenciais), seria muito complicado", diz o diplomata de 57 anos entrevistado pelos jornalistas uruguaios Martín Natalevich e Gonzalo Ferreira para o livro "Luis Almagro não pede perdão", que chega às lojas nesta terça-feira (17).

Uma denúncia de fraude por parte da missão de observação da OEA nas eleições de 20 de outubro de 2019 foi decisiva para a queda de Morales. Mas, segundo o livro, o envolvimento do diplomata uruguaio na trajetória do líder boliviano começou muito antes.

- 'Era impossível' Morales ganhar -

Almagro causou polêmica quando, em maio de 2019, visitou Morales e endossou sua candidatura, pouco depois de pedir ao boliviano que respeitasse a decisão de seu povo, que em referendo negou a possibilidade de reeleição para seu quarto mandato.

Mas, nessa visita, diz ele, foi dado o aval para a MOE. "E para mim era isso", completou

"Abríamos a possibilidade de que o Evo vencesse legitimamente. Foi o custo disso. Para mim, isso era impossível. Evo ainda tinha menos votos do que no referendo, ou seja, não tinha como. Aí, abrimos a possibilidade de que a oposição boliviana ganhasse legitimamente. E fechávamos a possibilidade de Evo roubar a eleição", explica.

Questionado se não fez interferência política direta, Almagro responde: "Não. Vou fazer o que a missão de observação me diz. Não conto os resultados à missão de observação. Se um registro é adulterado, é adulterado. Se havia servidores ocultos, havia servidores ocultos. Se esses servidores ocultos mentiram centenas de milhares de votos, eles fizeram isso. Nos baseamos em fatos".

A vitória de Luis Arce na eleição presidencial de 18 de outubro levou Morales a pedir a renúncia de Almagro, pois, segundo o ex-presidente boliviano, esse resultado mostra que não houve fraude na votação de 2019.

Almagro considera, porém, que "não há números transferíveis" entre as duas eleições.

- Argentina e os cubanos -

Essas eleições bolivianas também arruinaram a relação entre Almagro e Alberto Fernández, quando o uruguaio declarou que havia "dois espiões argentinos" na MOE, e o presidente argentino respondeu que sua gestão na OEA seria lembrada como "a mais dolorosa" do organismo.

No livro, o diplomata afirma que, até agora, "não teve nenhum diálogo direto" com o presidente argentino para amenizar as coisas. E, embora garanta que está aberto a essa possibilidade, entende que a relação "não tem conserto".

"Os cubanos jogam muito duro, pedindo minha cabeça. E eles têm algum crédito lá. Não tenho como mudar isso. Não tenho nada a oferecer, esqueça", completa.

O uruguaio se vangloria de ter revitalizado uma OEA moribunda e afirma que fez isso com recursos escassos.

"Mudamos a organização com quatro grãos e dois paus. A OEA tem orçamento de uma faculdade comunitária em Washington. E isso não foi culpa dos secretários-gerais anteriores. Fazia parte de uma estratégia do chavismo e dos cubanos, que, ao mesmo tempo, fortaleciam Celac, criavam a Unasul, cortando recursos da OEA", diz.

Ele também garante que nunca pede perdão, porque sempre age de boa-fé. "Nunca me desculpo (...) nunca faço nada visando a tirar vantagem de você, ou de outro. De ninguém. Não me interessa. Se você sempre age de boa-fé e tenta gerar as melhores soluções para as pessoas, não precisa se desculpar", acredita.


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